Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Ofensiva queer chilena agita Cannes

O Olhar Misterioso do Flamingo | Foto: Divulgação

Longe da disputa pela Palma de Ouro, na vitrine (também competitiva) da mostra Un Certain Regard, o contagiante drama de CEP chileno "La Misteriosa Mirada Del Flamenco", de Diego Céspedes, virou "O" acontecimento de Cannes em 2025. Filas gigantes se formaram nas projeções dessa reconstituição histórica da vida no norte do Chile no início dos anos 1980, numa área de mineiração na qual um cabaré de mulheres trans e travestis enfrenta o boom da Aids.

Tudo é visto pelos olhos de uma menina, Lidia (Tamara Cortes), tratada como filha pela performer Flamenco (Matías Catalán), alvo de transfobia. Na trama, o contágio do HIV é tratado com misticismo, numa crença de que a "peste" se espalha pela troca de olhares. "Houve uma mudança de comportamento das pessoas em relação à comunidade LGBTQIAPN , mas também um retrocesso no último ano" disse Céspedes. "O Chile não é indiferente ao que se está a passar no mundo. A nova onda da ultradireita também nos tem afetado".