Por: Affonso Nunes

Festival internacional destaca cinema queer de não ficção no Rio

A produção argentina 'Eu não posso fazer sexo', de Bel Gatti, é um dos títulos selecionados pela curadoria | Foto: Divulgação

 

Com exibições gratuitas no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), o Rio recebe neste fim de semana, de sexta a domingo (16 a 18) a primeira edição do FID:RIO – Festival Internacional de Cinema de Não Ficção do Rio de Janeiro. Focada em obras documentais com propostas narrativas e estéticas inovadoras, a programação traz 14 produções inéditas na cidade, entre curtas e longas-metragens, todas com temática LGBTQIAPN+. As sessões integram a mostra competitiva “Fricções do Desejo: não ficções queer do cinema contemporâneo”, reunindo obras do Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, França, Grécia, Hungria, México e Portugal.

Criado como um panorama do cinema documental queer contemporâneo, o FID:RIO propõe um mergulho em experiências de vida marcadas pela pluralidade e complexidade das identidades. Os filmes questionam normas de gênero e sexualidade, desestabilizando códigos morais convencionais e abrindo espaço para corpos, afetos e desejos dissidentes. “São produções que contribuem para a visibilidade e reconhecimento de identidades não-normativas, combatem a discriminação e oferecem espaços de diálogo”, afirma o curador Walter Tiepelmann.

Segundo o jurado Fernando Pocahy, as obras selecionadas abordam vivências particulares, mas permitem traçar relações entre modos de vida e estimular reflexões mais amplas: “É a oportunidade de questionarmos convenções sociais, ampliando outras formas de viver-sentir o corpo, o desejo, o gênero e os modos de ser-estar no mundo”.

O júri da mostra competitiva é formado por nomes relevantes do audiovisual e da crítica, como Ana Fernandez Saiz, Kristina Konrad, Rafael Teixeira, Leonardo Edde, Maria Sucar, Cássio Starling Carlos, Marcelo Balbio e o próprio Pocahy. Em junho, como parte do mês do orgulho LGBTQIAPN+, o filme vencedor será exibido novamente no CCJF, no dia 12, dentro da programação do Festival Identidade em Cena.

O FID:RIO é uma coprodução com o FIDBA – Festival Internacional de Cine Documental de Buenos Aires e o #LINK – Encuentro Iberoamericano de Cine Documental, ambos realizados na Argentina.

Programação

 

16/5 - SEXTA-FEIRA

14h - Anhell 69 (Direção: Theo Montoya, Colômbia) - Um carro funerário viaja por Medellín enquanto um jovem diretor revive seu passado, seu primeiro filme e uma geração queer marcada pela perda, sonhos desfeitos e o desejo de continuar filmando.

15h30 - Sessão de curtas - Dildotecnica (Direção: Tomás Paula Marques, Portugal) | A chave dos meus sonhos (Direção: Gerard X Reyes e Poppy Sanchez, Canadá) | Como me Esquecer do Inverno (Direção: Mari Moraga, Brasil) | Polvos (Direção: Juan Miguel Nasra, Hungria) | Mate todos eles (Direção: Sebastian Molina Ruiz, México) | Nunca pare de gritar (Direção: Abdellah Taïa, França)

19h - Chamadas de Moscou (Direção: Luis Alejandro Yero, Cuba): Pouco antes da invasão da Ucrânia, quatro jovens cubanos queer que vivem em uma comunidade sem documentos moram num apartamento em Moscou, em meio a telefonemas, memórias e resistências, em diálogo com o diretor.

17/5 – SÁBADO

14h - Tão imunda e tão feliz (Direção: Wincy Oyarce, Chile): Hija de Perra foi uma artista travesti que se tornaria um ícone da dissidência e uma referência do underground latino-americano após sua morte em 2014.

16h - Eu não posso fazer sexo (Direção: Bel Gatti, Argentina): Bel não consegue fazer sexo, então faz um filme para conseguir. Entre vibradores, crianças, duelos e Warhol, nasce uma docu-fantasia íntima, performática e milenar sobre cura, beijos e filmagens.

18h - Filhas da noite (Direção: Henrique Arruda e Sylara Silverio, Brasil): Seis veteranas do Recife revivem suas noites gloriosas em meio a lantejoulas e nostalgia. Diante das câmeras, elas celebram seu legado como eternas pioneiras.

18/5 – DOMINGO

14h - Astrakan 69 (Direção: Catarina Mourão, Portugal): Aos 58 anos, Martim relembra sua viagem à URSS em 1979: enviado pelos pais comunistas, ele se apaixonou, abandonou a escola e viu o ideal que um dia acreditou ser seu.

16h Avant-Drag! (Direção: Fil Ieropoulos, Grécia): Dez artistas drag encontram consolo uns nos outros enquanto se rebelam contra sua realidade opressiva e aqueles que a controlam.

18h - O fio da tesoura (Direção: David Valverdi, Argentina): Com um aplicativo de namoro, um homem se disseca para construir um diário de desejos. Um salão de cabeleireiro suburbano, encontros casuais e um ménage à trois convergem em uma história que oscila entre animação, documentário e autobiografia.