Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Cinema no Caju é a maior diversão

Lily's Hair | Foto: Divulgação

Neste sábado (10) à tarde o bairro do Caju vai virar um cinema a céu aberto, para integrar seus moradores (e visitantes) com a produção audiovisual mais audaciosa e lúdica que nossas vozes autorais têm levado às telas da nação. A ação é parte do projeto Curta na Praça, uma estratégia estética de ocupação de espaços pela arte. A farra cinéfila rola na Vila Olímpica Mané Garrincha (R. Carlos Seixas, s/n), com entrada 0800, grátis, com sessões às 18h30 e às 19h30. Cabem 300 pessoas a cada projeção, o que significa muito coração batendo junto a um só tempo.

O primeiro pacotão de filmes reúne: "Lé Com Cré", de Cassandra Reis (SP); "Os Causos Da Bisavó", de Rosa Berardo (GO); "Dela", de Bernard Attal (BA); e "O Celaticomus", de Marcelo Tannure (MG). A sessão seguinte exibe "Lily's Hair", de Raphael Augusto da Silva (GO); "O Véu De Amani", de Renata Diniz (DF); "Guri", de Adriano Monteiro (ES); e "O Homem Que Virou Meme", De João Rabelo (SP). Tudo será regado a pipoca e refrigerante, para resgatar aquela tradição das matinês em salas de rua.

Realizado pela Associação Caminho da Cultura, com patrocínio do Ministério da Cultura, o projeto é idealizado e coordenado pela atriz Juliana Teixeira, e tem curadoria assinada por Isabel Veiga. A seleção de títulos em exibição debate preconceito, imigração, afirmação de identidade, diversidade e memória.

"A curadoria do Curta Na Praça é pensada para revelar um Brasil plural, diverso e em movimento", explica Juliana. "Os filmes que escolhemos falam de infância, de sonhos, de ancestralidade, de racismo, de pertencimento, de superação e de afeto. Mostram o país que pulsa nas quebradas, nas pequenas cidades, nas famílias negras e periféricas. É um desenho do Brasil que não cabe em estereótipos: é sensível, crítico, lúdico e profundo. E mais do que isso, é um Brasil que se olha no espelho e convida o público a se ver".

Segundo a produtora, o Curta na Praça é uma forma de mostrar o Brasil em toda a sua diversidade, nos seus diferentes sotaques, a partir de seus diversos recantos.

"O evento é uma janela potente para o imaginário especialmente em regiões periféricas onde o acesso ao cinema e o acesso cultural ainda é desigual", diz Juliana. "Ao levarmos curtas para as praças e espaços públicos, estamos não só democratizando o audiovisual, mas também estimulando o pensamento. É nesse encontro com histórias curtas, porém intensas, que crianças, jovens e famílias inteiras passam a se reconhecer — ou a se confrontar com outras realidades e perspectivas. O Curta Na Praça tem esse poder de provocar e encantar. Em muitos casos, é o primeiro contato dessas comunidades com o cinema nacional contemporâneo — e esse contato tem a potência de transformar trajetórias".