Responsável pela abertura do circuito brasileiro de festivais de cinema, ocorrendo sempre no mês de janeiro, a Mostra de Tiradentes, hoje em curso nas Gerais, em sua 28ª edição, foi um dos vetores (de excelência) essenciais para consolidação do novíssimo cinema mineiro, que gerou cults como "Marte Um", "Temporada" e "O Dia Que Te Conheci". A produção audiovisual daquele estado - hoje uma das mais fortes e plurais do Brasil, indo muito além de sua capital, Belo Horizonte - revelou este ano produções como "Princesa Macula e o Canto Triste", de Mayara Mascarenhas; "Dance Aqui", de Cleo Magalhães; "Você Lembra", de Victória Morais, e "Tita: 100 Anos De Luta E Fé", de Danilo Candombe.
Antenado com a prata da casa, o evento projeta nesta quarta, em sua seção Olhos Livres, uma produção com um pé em MG e outro SP: "Deuses da Peste", de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado. Em sua trama, ambientada num antigo casarão em ruínas, um velho ator shakespeariano exilado dos palcos vive com seus fantasmas. Em seu leito, cercado de cortinas vermelhas retiradas de um teatro abandonado, ele sonha com fogo se alastrando por todo o país.
"A Mostra de Cinema de Tiradentes, ao longo dos seus 28 anos de existência, desempenhou um papel transformador na cena audiovisual mineira tanto no ponto de vista de colaborar com a construção de políticas públicas, quanto na formação de uma nova geração de cineastas, como também incentivou, testemunhou e sediou o lançamento de produções mineiras que ganharam as telas do mundo", explica Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral do festival, em entrevista ao Correio da Manhã. "A Mostra ajudou a fortalecer uma identidade cinematográfica em Minas, possibilitando que cineastas mineiros (muitos deles independentes) tivessem seus filmes exibidos e discutidos em um espaço relevante de projeção nacional e internacional. Isso também contribuiu para o aumento do reconhecimento de Minas Gerais como um polo de produção audiovisual, desafiando a centralização do cinema nas capitais do eixo Rio-São Paulo, bem como favoreceu os mineiros expandirem suas referências culturais e estéticas".
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