Escola fechará o Carnaval 2026 com homenagem à artista que transformou a avenida em palco de imaginação e história
Quando a Marquês de Sapucaí voltar a pulsar em fevereiro de 2026, o último desfile da noite será uma celebração grandiosa dedicada a uma das maiores artistas da história do Carnaval brasileiro. O Acadêmicos do Salgueiro levará para a avenida um enredo que homenageia a vida, a obra e o imaginário criativo de Rosa Magalhães, a carnavalesca mais premiada da era do Sambódromo e um dos pilares da construção estética do Carnaval carioca.
A escola tijucana escolheu como tema uma viagem pelo universo fantástico que sempre acompanhou a artista: histórias, contos, lendas, mundos encantados e cores exuberantes. A proposta é transportar o público para dentro da mente criadora que revolucionou a forma de contar histórias na avenida, sempre com rigor de pesquisa, sensibilidade artística e uma assinatura visual inconfundível.
Em entrevista ao Correio da Manhã, o carnavalesco Jorge Silveira explicou a importância de celebrar o legado da artista na escola onde tudo começou para ela. Ele destacou que Rosa é a artista mais longeva da história da Marquês de Sapucaí, sempre relevante em cada uma das décadas que trabalhou. "Então, para nós, é uma honra muito grande poder homenageá-la especialmente porque ela começa a carreira no Acadêmicos do Salgueiro, ela é fruto do Salgueiro, fruto da revolução salgueirense da década de 1960 dos artistas que construíram o Carnaval carioca como nós conhecemos".
Jorge também ressaltou o impacto da carnavalesca ao longo das décadas. "Rosa passou por diversas escolas e em todas elas deixou sua marca sempre se reinventando, sempre se reconstruindo e agregando história no currículo de cada uma dessas agremiações. Ela é conhecida por nós como uma professora, a gente quer levar para avenida os ensinamentos dela por meio dos 50 carnavais que ela nos presenteou. É um desfile, sobretudo, de gratidão ao trabalho da Rosa. Salgueiro é a última escola a desfilar,ela encerra o carnaval e a gente quer fazer um arrastão para Rosa Magalhães".
Sobre as novidades para 2026, o carnavalesco contou que a homenagem respeita a memória de Rosa, mas sem abrir mão da contemporaneidade. Segundo ele, "todos mergulharam profundamente na obra da artista, porém, não é um desfile da Rosa, mas sim um desfile para a Rosa. É um desfile pensado para 2026 com as tecnologias de 2026, com a dinâmica de um desfile de 2026. Então pode esperar muita novidade, muita interatividade, é um desfile extremamente colorido, vivo, alegre para que a gente encerre o carnaval com energia mais pra cima possível. Se Deus quiser, brilhará a 10ª estrela do Salgueiro e a oitava de Rosa Magalhães".
Laços profundos
Se existe um segmento que carrega um laço profundo com a história de Rosa Magalhães é a Comissão de Frente. A artista foi responsável por transformá-la, especialmente a partir dos anos 1990, quando passou a tratar a abertura dos desfiles como um grande espetáculo teatral coreografado. Paulo Pinna, o coreógrafo que assina a Comissão de Frente do Salgueiro em 2026, reconhece a proporção da missão que recebeu. "É de uma responsabilidade enorme falar sobre a Rosa… Ela revolucionou as comissões de frente na década de 1990. Para mim, como coreógrafo, ter um segmento que ela revolucionou, que ela tem muitas memórias afetivas deixadas pra nós, é uma honra. Vai ser o maior trabalho da minha vida!"
Pinna também contou como estão os ensaios e o clima entre os integrantes. A experiência no Salgueiro tem sido marcante. "A comunidade abraça, rua fica lotada, a galera é quente. Está sendo bem legal, eu, particularmente, amo estar de rua. E daqui até fevereiro muito trabalho pela frente, com a liberação da Sapucaí para os ensaios. Chega uma hora que a gente não fica nem mais dentro do barracão, é lá direto".
Rosa Magalhães
Formada em artes plásticas e com trajetória sólida como professora, Rosa Magalhães entrou para o Carnaval ainda na juventude, justamente no Salgueiro. Participou do movimento que transformou a maneira de fazer desfiles, valorizando pesquisa histórica, narrativa e estética refinada.
Ao longo de mais de cinco décadas, assinou carnavais memoráveis e construiu uma marca registrada: fantasia que dialoga com arte, cenografia e literatura, sempre com encanto e inteligência. Tornou-se referência para gerações de carnavalescos. Seus desfiles são estudados, revisitados e celebrados. A artista sempre tratou o Carnaval como expressão cultural, como espetáculo e como acervo visual do nosso imaginário. E o Salgueiro tem tudo para nos dar um desses momentos marcantes que ficam para sempre na memória do público, unindo tudo o que Rosa ajudou a definir como desfile de Carnaval: narrativa, emoção e exuberância.