Por: Affonso Nunes

Isto (é ou) não é um prompt (?)

O Tao do Algoritmo | Foto: Marlus Araújo

Mostra digital reúne na Meta Gallery instalações de IA que reagem de forma autônoma em relação aos visitantes

Espaço pioneiro em arte digital no Rio, a Meta Gallery estende por mais um mês a exposição "Isto Não é Um Prompt", do artista computacional Marlus Araújo, que agora conta com uma atração adicional. A mostra, que explora as possibilidades criativas da inteligência artificial através de instalações interativas, permanece em cartaz até o dia 31.

A novidade que motivou a prorrogação é "O Tao do Algoritmo", uma animação holográfica cocriada com IA que recebe os visitantes logo na entrada da galeria. A obra parte do símbolo milenar do yin-yang e o desdobra em geometrias fractais, estabelecendo um diálogo visual entre dualidades: o código binário manifesta-se em luz e sombras, enquanto o orgânico e o artificial se entrelaçam em movimento contínuo num curioso diálogo entre tecnologias contemporâneas e o legado milenar da filosofia oriental.

Com curadoria da pesquisadora em Tecnologia e Sociedade Paula Martini, a exposição reúne agora quatro trabalhos que compartilham uma característica incomum: tomam a iniciativa da interação, reagindo à presença humana sem necessidade de acionamento direto. Essa inversão de papéis questiona a relação tradicionalmente estabelecida entre usuários e máquinas, colocando a IA em posição ativa de observação e criação.

Ainda antes de entrar na galeria, o público já é capturado por "Captura Involuntária", instalação que produz visualizações em tempo real das pessoas que transitam pela calçada, funcionando como um convite visual para adentrar o espaço expositivo. Uma vez dentro, "ElementAIs" oferece experiências visuais imersivas ao traduzir os elementos da natureza através de algoritmos de inteligência artificial, criando ambientes que se transformam continuamente.

O ponto alto da mostra é "Maboroshi", escultura robótica desenvolvida em parceria com Gabriela Castro. Equipada com sensores de movimento, a obra acompanha os visitantes com o olhar, invertendo a dinâmica habitual das exposições e gerando a inquietante sensação de ser observado pela própria arte. O nome japonês, que pode ser traduzido como "ilusão" ou "fantasma", reforça essa experiência perturbadora de vigilância tecnológica.

"Trata-se de uma Inteligência Artificial que, em vez de ser acionada pelo usuário, toma iniciativa da primeira ação", explica Marlus Araújo, que questiona assim o papel passivo tradicionalmente atribuído às máquinas, propondo uma reflexão sobre autonomia tecnológica e os limites cada vez mais difusos entre observador e observado, criador e criatura, humano e artificial.

SERVIÇO

ISTO NÃO É UM PROMPT

Meta Gallery (Rua da Assembleia, 40, Centro) | Até 31/10, se segunda a sexta-feira (10h às 18h) | ntrada franca