Por: Affonso Nunes

Nova galeria amplia horizonte das artes na Tijuca

Inaugurada em 2022, a exposição 'Notícias do Brasil' já percorreu várias unidades do Sesc RJ e agora chega ao novo espaço expositivo da Tijuca | Foto: Cláudia Dantas/Divulgação

A Zona Norte do Rio ganha um novo ponto de encontro com a arte a partir de 31 de maio. O Sesc Tijuca inaugura uma galeria de 255 metros quadrados, a maior entre todas as unidades do Sesc na região metropolitana. Dedicado a exposições de médio e grande porte e a ações educativas, o espaço busca consolidar o protagonismo da unidade como polo das artes visuais na cidade.

A mostra de abertura será “Notícias do Brasil”, com curadoria de Marcelo Campos e cocuradoria de Pollyana Quintela. Iniciada em 2022 a partir do acervo do Sesc RJ, a exposição já passou por unidades da instituição no Flamengo, Madureira, Nova Iguaçu e São Gonçalo, além de espaços como o Centro Cultural da PGE-RJ e a Casa América, em Madri. Com obras de Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues, a mostra foi enriquecida ao longo da itinerância com a inclusão de trabalhos de PV Dias, Sabrina Savani e Silvana Mendes.

Para a etapa tijucana, a curadoria incorporou novos nomes — Bárbara Copque, Rodolfo Teixeira e Melissa de Oliveira —, que apresentam interpretações visuais sobre a Zona Norte do Rio e outras regiões brasileiras. Ao todo, são 84 obras que revelam um país em sua pluralidade, retratando cenas do cotidiano, festejos populares e manifestações religiosas com ênfase na diversidade étnica e cultural.

Desde sua abertura, em 1977, o Sesc Tijuca vinha realizando exposições em áreas adaptadas, como a Casa Rosa, a Tamarineira e o saguão da unidade. A nova galeria é o primeiro espaço exclusivamente voltado a mostras, com estrutura pensada para atender às especificidades de cada projeto curatorial. Com ela, a instituição amplia as possibilidades de exibição de seu acervo, hoje com mais de 500 peças, cujo processo de recuperação e reexposição começou em 2021.

A relação do Sesc Tijuca com as artes visuais remonta aos anos 1980, quando foi criado o ateliê de gravura da unidade. O espaço funcionou como plataforma de formação de novos artistas e de aproximação com o público por meio da experimentação gráfica. Um marco dessa trajetória foi a exposição “Cinco anos de gravura do Sesc Tijuca”, realizada em 1989.

Entre os nomes ligados àquela fase está o de Heloisa Pires Ferreira, artista e gravadora formada nos ateliês do Ingá, em Niterói, e discípula de nomes como Abelardo Zaluar, Marília Rodrigues e Anna Letycia. Convidada a estruturar a oficina de gravura da unidade, Heloisa atuou como coordenadora e professora entre 1984 e 1999. A iniciativa se inscreve na tradição carioca da gravura, inaugurada em 1959 com a criação da Oficina de Gravura do MAM-RJ.

Ao abrir as portas para exposições mais ambiciosas e iniciativas formativas, o Sesc Tijuca reafirma o compromisso de tornar a arte acessível e relevante no cotidiano da cidade.