Por: Affonso Nunes

Ordem e caos na urbe

Das obras em exposição emerge uma narrativa que revela os movimentos íntimos e coletivos da vida urbana, onde serenidade e inquietação coexistem e se complementam | Foto: Divulgação

Coletiva 'Da Beleza ao Caos - a cidade que habita em nós' reúne 34 artistas no Museu Histórico da Cidade

O Museu Histórico da Cidade abre neste sábado (13) a exposição "Da Beleza ao Caos - a cidade que habita em nós", que convida o público a pensar na cidade como um espaço vivo, afetivo e em constante transformação. Inspirada pela ideia de que "a cidade não é apenas um espaço físico, mas uma forja de relações", como afirma o escritor moçambicano Mia Couto. A mostra reúne trabalhos que exploram a tensão e a harmonia entre ordem e desordem, encanto e turbulência, memória e cotidiano.

Ao percorrer o conjunto expositivo, independentemente dos suportes e técnicas utilizados, o visitante experimenta múltiplas vertentes que compõem o convívio humano: identidade, pertencimento, aprendizagem, memória e transformação. Os diálogos visuais se entrelaçam como um grande mosaico, onde o belo e o caótico se complementam, revelando que cada extremo é também parte essencial do outro.

A temática atravessa diversas expressões culturais ao longo do tempo: da música, como em "Rio 40 Graus", de Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Laufer, ao cinema, com o documentário "Neville D'Almeida - Cronista da Beleza e do Caos"; da literatura, em "A Beleza do Caos", de Thales Amaral, ao teatro, na obra homônima de Nelson Baskerville. Em todos esses casos, emerge uma narrativa que revela os movimentos íntimos e coletivos da vida urbana, onde serenidade e inquietação coexistem como forças complementares.

Participam da mostra, que tem Lia do Rio como homenageada, 34 artistas. Além da exposição, haverá uma videoperformance sonora com os artistas André Sheik, Luiz Badia e Osvaldo Carvalho, que criam trilhas sonoras ao vivo para imagens de videoarte desenvolvidas por Badia. As obras mesclam pintura e filmagens, resultando numa imersão sensorial que usa paisagens da natureza projetadas em vídeo, sonorizadas ao vivo pela banda através de sintetizadores, pianos, guitarras e percussão eletrônica.

Como afirma o curador Osvaldo Carvalho em seu texto, "ao observar cada um dos trabalhos que compõem a mostra, independentemente da escolha técnica, somos levados a contemplar as múltiplas vertentes que cercam nossa percepção e entendimento daquilo que chamamos convívio, essência do desenvolvimento humano".

SERVIÇO

DA BELEZA E DO CAAOS - A CIDADE QUE HABITA EM NÓS

Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro (Estrada Santa Marinha, s/nº, Gávea) | Abertura: 13/12, das 11h às 16h | Visitação até 8/2/2026, de terça a domingo (9h às 16h) | Entrada franca