Julio Callado apresenta esculturas eróticas e série fotográfica Cambrianas no Coletivo Rato
O Coletivo Rato, espaço experimental localizado na Lapa, recebe neste sábado (22) uma mostra do artista carioca Julio Callado que articula duas investigações distintas sobre corpo, materialidade e erotismo. A exposição reúne dez objetos erótico-escultóricos e a série fotográfica Cambrianas, desenvolvida em parceria com Íra Barillo, Fernando Brutto e Completasso.
Integrante do coletivo Opavivará!, conhecido por intervenções e instalações participativas no circuito internacional, Callado apresenta um conjunto de esculturas que tensionam os limites entre objeto artístico e dispositivo corporal. Construídas com plásticos, borrachas e outros materiais industriais, as peças funcionam como extensões possíveis do corpo humano, dispositivos que se encaixam, perfuram ou repousam sobre a pele. Mais do que representações do erótico, os objetos propõem uma experiência sensorial que desloca a percepção para o campo da performance, transformando a relação entre corpo e matéria em ação estética.
A série Cambrianas, segundo eixo da mostra, resulta da confluência de quatro práticas artísticas distintas. O fotógrafo Íra Barillo, doutorando da UERJ e documentarista da cena noturna carioca, empresta seu olhar cartográfico sobre corpos e identidades urbanas. Fernando Brutto, historiador e performer que utiliza o próprio corpo como território de pesquisa, e Completasso, ator e pesquisador cuja tese investiga patrimônio cultural como performance, completam o quarteto de criadores.
O título da série remete ao Período Cambriano, fase da história geológica marcada pela rápida diversificação das formas de vida na Terra. Nas fotografias, essa referência se materializa através da fusão entre corpos humanos, próteses plásticas e objetos maleáveis, gerando criaturas híbridas que evocam tanto seres primitivos quanto entidades mitológicas. As imagens transitam conscientemente entre o grotesco e o erótico, apropriando-se de elementos do vocabulário pornográfico para subvertê-los através da experimentação visual e performática.
A proposta estética de Cambrianas repensa o corpo para além de sua dimensão biológica, incorporando materialidades sintéticas e artificiais como parte constitutiva da experiência humana. As fotografias estabelecem um território visual onde natureza e artifício perdem seus contornos definidos, apontando para novas possibilidades de existência e representação corporal.
A programação da noite de abertura inclui ainda sets dos DJs B. Pauleira e Deseo, além da abertura dos ateliês dos artistas Cabelo e Raul Mourão, oferecendo ao público um raro acesso aos processos criativos em desenvolvimento dos dois artistas cariocas.
SERVIÇO
JULIO CALLADO
Coletivo RATO (Rua Joaquim Silva, 70, Lapa)
De 22 a 28/11
Entrada franca