Exposição de Deneir Martins reúne 40 anos de criação com materiais descartados no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
O artista Deneir Martins, de 71 anos, transforma lixo em arte há mais de três décadas. Nascido em Campos dos Goytacazes mas criado em Piabetá, distrito de Magé na Baixada Fluminense, ele desenvolveu uma linguagem artística única que dialoga com questões ambientais através da reutilização criativa de materiais descartados. Sua trajetória ganha destaque na exposição "O universo lúdico e inventivo de Deneir Martins", que o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular abre neste sábado (11), às 14h, no Museu de Folclore Edison Carneiro, no Catete.
A mostra integra o programa Sala do Artista Popular, iniciativa que há mais de 40 anos promove a arte popular. "O artista de Magé trabalha com materiais descartados, e tem as bandeirinhas de São João como marca de muitas obras em seu vasto universo criativo", explica Ana Carolina Nascimento, coordenadora do Setor de Pesquisa do CNFCP.
O ponto de virada na carreira de Deneir aconteceu durante a Rio-92, quando a conferência ambiental trouxe discussões sobre sustentabilidade. A partir daí, direcionou seu trabalho para a produção com sucata, coletando peças em ferros-velhos para criar objetos singulares. Além da atividade artística, atua como animador cultural no CIEP de Piabetá e integra o coletivo Imaginário Periférico.
Sua obra ganhou projeção internacional, com exposições no Brasil e exterior, incluindo residência artística no Japão em 2019. "Eu vou juntar essas duas culturas. A do bambu, de lá, com a do pau-de-chuva daqui, de origem indígena", declarou sobre a instalação "Chovendo no Japão".
"No mundo marcado pelo imediatismo, Deneir subverte significados para criar algo novo. São ideias inusitadas que resultam em brinquedos, quadros, objetos interativos", destaca o antropólogo Túlio Lourenço Amaral.
SERVIÇO
O UNIVERSO LÚDICO E CRIATIVO DE DENEIR MARTINS
Museu de Folclore Edison Carneiro (Rua do Catete, 179)
Até 3/12, de terça a sexta (10h às 18h) e sábados e domingos (11h às 17h)
Entrada franca
