O artista franco-carioca Jérôme Poignard transforma o cotidiano do Rio de Janeiro na exposição "Rio", que estreia nesta sexta-feira (5) na Galeria Gilson Martins Ipanema. Mas suas aquarelas inéditas deixam de ocupar somente as paredes do espaço expositivo para ganhar vida e movimento nas ruas através de uma colaboração o designer e galerista na elaboração de uma coleção de bolsas e acessórios de sua grife.
O artista plástico ficou empogado com o resultado e a sensação de poder ver sua obra circulando pela própria cidade que a inspirou. "A obra em presença viva", comemora Poignard. "Na galeria, a aquarela é contemplação; no objeto cotidiano, ela passa a fazer parte da vida das pessoas. Ganha proximidade, intimidade. É como se a poesia do Rio, antes vista na parede, pudesse agora acompanhar cada momento do dia a dia", compara o artista.
A mostra integra as celebrações do Ano França-Brasil 2025, que marca dois séculos de relações diplomáticas entre os países. Nunca é demais lembrar que nos primeiros séculos de colonização portuguesa por aqui a cidade era objeto da cobiça de navegadores franceses. As paisagens urbanas cariocas, capturadas por Poignard com a espontaneidade característica da aquarela, revelam uma cidade vista através do olhar estrangeiro que escolheu o Rio como lar.
Natural de Fontainebleau, na Ile de France, no coração de Paris, Poignard desenvolveu sua carreira retratando paisagens urbanas de metrópoles como Londres, Paris e São Paulo. Mas no Rio encontrou inspiração e um novo lar. Suas aquarelas capturam a luz, o movimento e a energia única da cidade. Obras que capturam a luz, o movimento e a energia única da cidade, traduzindo em pinceladas fluidas a alma urbana carioca.
A curadoria de Michel Provost destaca como o trabalho do artista constrói um diálogo com a tradição francesa da aquarela ao mesmo tempo que absorve a vitalidade tropical. "A aquarela francesa traz a precisão, a delicadeza e o controle. Mas no Rio, essa técnica se abre para o improviso, para a luz intensa e para o movimento do cotidiano", explica Poignard.
"O Rio é um lugar que me obriga a soltar a mão, deixar a água correr livremente, aceitar o acaso. É nesse encontro entre o rigor francês e a espontaneidade carioca que surge a minha linguagem — com pigmentação mais concentrada e menos água, gerando cores vivas e luminosidade que exaltam a beleza desta Cidade Maravilhosa", destaca.