A experiência de contemplar a Cordilheira dos Andes do alto transformou-se em linguagem pictórica pelas mãos da artista plástica Fátima Vollú. na exposição "Pachamama: Entre Cores e Texturas", em cartaz na Fábrica Bhering, cada aquarela nasce do diálogo entre o olhar aéreo e a introspecção.
As obras capturam detalhes que escapariam ao observador apressado: veios d'água esculpindo montanhas, manchas que testemunham a passagem do tempo, flores delicadas brotando entre pedras como símbolos da persistência da vida. Nas trilhas, pedras empilhadas revelam a presença humana, quase insignificante diante da monumentalidade natural.
A artista encontrou inspiração nas montanhas coloridas do Cerro Hornocal, em Humahuaca, nos barrancos da Chapada Diamantina e nas formações de argila da Praia da Gamboa, em Morro de São Paulo. Esses cenários se revelam em camadas geológicas, testemunhas de transformações milenares que as pedras guardam como memórias compartilhadas entre os seres.
O título da mostra homenageia Pachamama, entidade sagrada das culturas andinas que simboliza a Mãe Terra e a proteção à natureza. A divindade inspira rituais de gratidão pela fertilidade terrestre e consciência ambiental. "De certa forma, sinto-me conectada a ela, ao observar formas e cores de montanhas formadas há mais de 65 milhões de anos, um presente para admirarmos, respeitarmos e conservarmos", comenta Fátima.
A reverência à Pachamama é tão profunda nas regiões de Salta e Jujuy, na Argentina, que seu nome aparece em placas indicativas pedindo conservação de montanhas e trilhas. Essa conexão espiritual com a paisagem permeia as aquarelas, convidando o espectador a atribuir novos significados a cada mancha, montanha e elemento natural retratado.
SERVIÇO
PACHAMAMA: ENTRE CORES E TEXTURAS
Ateliê Pluralistas (Fábrica Bhering - Rua Orestes, 28, 2º andar, Santo Cristo) | Até 16/8, quartas e quintas (14h às 18h) e sábados (10h às 19h)
Entrada franca
