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Uma escuta crítica do passado

A artista plástica Beth Ferrante | Foto: Divulgação

Uma galeria de retratos baseados em autorretratos de artistas mulheres emblemáticas da história da arte ocidental, latino-americana, do Leste Europeu, Oriente Médio e Brasil compõe "Não Sou Teus Olhos", exposição individual que Beth Ferrante inaugura nesta quarta-feira (6) na Galeria Candido Mendes, com curadoria de Denise Araripe.

Os retratos apresentados em pequenos e médios formatos revelam uma certa inconclusão deliberada que privilegia bustos frontais em escala direta. Individualizações gestuais e cromáticas flexibilizam os campos visuais, criando tensão entre representação e interpretação.

 

"O pressuposto é um enfrentamento e revisionismo crítico que transcenda o caráter meramente elogioso da citação - uma das características da apropriação pós-moderna. Daí assumir flagrantes desvios das obras-referências, em lugar de mimetizá-las", explica Beth Ferrante. "Destaco o aparecimento de textos feministas contemporâneos nos retratos das impressionistas Eva Gonzalès e Berthe Morisot, a presença da cor conceitual e antinaturalista no isolado 'Djanira', do azulado tabagismo 'anti-status quo' e os fragmentos de falas conscientes da cineasta argentina Maria Luiza Bemberg, da artista visual guatemalteca Margarita Azurdia, da multidisciplinar mexicana Maria Eugênia Chellet e da mineira Teresinha Soares, pioneira da performance e do debate de gênero. Todas integrantes de movimentos por direitos civis das mulheres, reivindicando igualdade política, social e jurídica", acrescenta.

A artista revela que não está se propondo a transformar o passado, e sim "escutá-lo criticamente".

SERVIÇO

NÃO SOU TEUS OLHOS

Galeria Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 - Ipanema)

Até até 28/8, segunda a sexta (14h às 19h) e sábados (14h às 18h)