Há décadas, o sindicato da educação, seja no Rio de Janeiro, seja no Acre, agonizou-se por causa de uma luta político-educacional que se movimentou para ser oposição quando o Poder Executivo fosse representado por não afinidade ideológica. Como se ainda não fosse muito pouco, a luta não foi pela educação, e sim, e sempre, e sem exceção, por aumento salarial. Hoje, o sindicato não mais agoniza, pois, após tantas Velhas Palavras, Velhas Práticas, Velhas Derrotas, não possui nem a utilidade de um indigente cadáver. O sindicato da educação vaga no tempo como erro.
A natureza do capital é criadora, mas de uma criação antropofágica, sendo sempre outra sem deixar de ser a mesma, enquanto a luta educacional em relação ao poder ajoelha-se diante do marxismo vulgar para afirmar a verdade de ser contra o que se opõe a ela. Se o capital nega o dogma, a luta sindical jamais negou a liturgia de sua missa. Em razão disso, o capital sabe criar linhas de fuga, e a luta educacional as desconhece por acreditar na dialética hegeliana, mas tal dialética não passa de falso movimento.
É preciso reinterpretar Proudhon e, quando digo reinterpretá-lo, digo, primeiro, entender sua dialética serial, dialética sem síntese, sempre aberta, cuja origem filosófica é Platão, e Proudhon o leu. Em virtude dessa dialética ter atravessado séculos sobre séculos, o pensador francês compreendeu uma forma de luta política dentro de instituições, cujo movimento [ou dialética] nega a oposição entre ser-e-não-se, entre burguês-e-operário.
Proudhon supera o dualismo ao defender a ideia de o operário adquirir conhecimento, o que significa ter acesso a leituras. Assim, olhando para Proudhon, o sindicato da educação deveria entender a urgência da política de leitura de Estado, o que implica sala de leitura adequada, leitura de livro [sem pdf.] e dicionário [sem pdf.], com a finalidade de assegurar a forma tradicional ou clássica da experiência estética ou com Clarice Lispector, ou com Orwell, ou com Raduan Nassar.
Indiferente à ideologia, o sindicato deveria propor, e sempre, aos Poderes Executivo e Legislativo uma política de Estado que defenda a forma tradicional de o estudante ler obras clássicas, atemporais. Lutar na escola por leitura é luta política Menor segundo Deleuze ou, como diria Foucault, luta microfísica. O professor lê o livro na escola com os alunos para buscar a melhor interpretação. O grande ato depende do pequeno. Proudhon é mais revolucionário.