Por Rodrigo Fonseca
Especial para o
Correio da Manhã
Houve uma vez, ali entre os anos 1980 e 90, num planeta mucho loco chamado Bonsucesso, uma lanchonete cujo pastel tinha os formatos mais inusitados possíveis. Havia um com forma de urso panda e um com o aspecto de um caranguejo - todos gotejando uma mistura de óleo e caldo Knorr. O nome desse empório de guloseimas: a Favorita Lanches. Poucos se lembram dele, porém Marton Olympio, um carioca de Marechal Hermes (criado em Brás de Pina), não se esquece do menu de iguarias que lá existiam, ao alcance de quem passasse pelas cercanias da Praça das Nações. A lembrança veio à tona num papo do cineasta - que também é um dos roteiristas mais disputados do país na atualidade - sobre o verbo "lembrar", conjugado sob a desinência decolonial das ancestralidades africanas. "Memórias Com Vista Pro Mar", que ele vai exibir nesta segunda, às 19h, no Estação NET Botafogo 1, expande as fronteiras entre a vida material e o reinado dos orixás. O ponto de interseção: um corpo negro. Corpo esse que já não mais retém nem decanta as recordações como em seus tempos de mocidade.
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