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Parabéns, Copacabana

Foi outro dia, no começo do mês. O bairro que nunca dorme - no máximo tira um cochilinho - fez aniversário de 133 anos, dando exemplo para milhares de moradores que mergulharam na terceira idade há tempos. Copacabana também é trabalho de Deus, bem mais do que uma semana e tudo bem. Não há outro lugar do Brasil, quiçá do mundo, em que a elegância e a decadência andem tão bem de mãos dadas. E cada um tem sua Copacabana preferida ou odiada, conforme cada caso. O meu é de um amor profundo e saudades permanentes. Ainda sonho com o dia de voltar a morar no bairro, mesmo sabendo que 95% das paisagens natural e humana tenham desaparecido.

Cada um tem sua Copacabana no coração, então falarei um tiquinho da minha.

Por exemplo, era muito legal esbarrar com Monsieur Limá - ícone da black music - na Siqueira Campos ou em outra rua. O Toni Tornado, que mata a bola no peito aos 95 anos de idade, também. E quem se lembra do Marcão, pioneiro do merchandising, que divulgava lojas usando um chapéu de viking - com super chifres - em frente ao CCC, Centro Comercial de Copacabana? Esquina de Siqueira Campos com a Avenida Copa.

Em 1978 a gente fundou o Copacabana Futebol Clube. Éramos garotos do Instituto Santo Antônio de Pádua. Escolhemos o short preto porque todo mundo tinha um. A camisa era Hering vermelha. Tenho dúvidas sobre a cor do número nas costas, Fernando Guilhon deve saber. Parecia Flamengo demais pro meu gosto, mas na verdade lembrava o saudoso Colorado do Paraná. Durou um ou dois jogos.

Todo fim de ano, os craques do Maracanã desembarcavam nas areias de Copacabana, mais precisamente no campo do Juventus, para uma pelada inesquecível. O calçadão enchia de gente para torcer por Zico, Edinho, Romerito, Roberto e tantos outros. O futebol sempre foi uma paixão da praia, com Bairro Peixoto, Maravilha, Areia, Força e Saúde, América do Lido e o inesquecível Dínamo do não menos inesquecível Tião Macalé. Tchan!

Perto da esquina da Avenida Copacabana com a Santa Clara, havia um paraíso das guloseimas: Bonnie's, Cirandinha e a lanchonete das Lojas Brasileiras. E também o cine Metrô, que possuía o ar condicionado mais poderoso da história de Copacabana - e consequentemente do resto do mundo: quando o povo saía da sessão, do outro lado da rua você sentia o vento geladão.

Barata Ribeiro com Constante Ramos, Sorveteria Bolonha. Um lindo letreiro vermelho e branco estilo America. A lanchonete ficava junto da loja de doces. Tudo era gostoso e barato, do hambúrguer de carne moída honesta ao sorvete de morango, agora o delicioso mate da casa. Várias quadras antes, bem em frente à Policlínica da Hilário de Gouveia funcionava a excelente lanchonete Bill's, que encerrou suas atividades e deu lugar à primeira loja do MC Donald's instalada no Brasil. Já o saudoso primeiro Bob's ficava na Domingos Ferreira.

A coluna vai acabando, eu não disse 1% do que gostaria mas está tudo certo. Copacabana é interminável. Tudo passa. Outras colunas virão.