Por Ana Luiza Rossi
Universitários e o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica (Stiepar) foram às ruas, nesta quinta-feira (13), em frente a prefeitura de Angra dos Reis para cobrar um posicionamento do Executivo sobre os ônibus da Eletronuclear. Isso porque, após medidas impostas pela empresa - que adotou uma política de redução de gastos - ela suspendeu o serviço que transportava alunos de Angra dos Reis para universidades na Jacuenga, Barra Mansa e Volta Redonda.
O prefeito Claudio Ferreti cedeu aos pedidos e foi ouvir os presentes na mobilização. Segundo a estudante do curso de Enfermagem, no Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), Débora Fraga, o prefeito se comprometeu em se reunir com o presidente da Eletronuclear na próxima semana para cobrar um novo posicionamento.
Questionado, caso a devolutiva da empresa seja negativo, Ferreti afirmou que iria manter os critérios do transporte municipal para os alunos, oferecidos pelo Programa Transporte Social Universitário. No entanto, a estudante levantou uma preocupação.
- Vamos tentar nos inscrever. Só que muitos alunos não preenchem os critérios que a prefeitura coloca. A princípio nossa manifestação de hoje surtiu o seu primeiro efeito, mas a gente continua sem a condução. Muitos alunos estão gastando muito dinheiro para vir para faculdade e é um dano muito absurdo - disse.
Assunto vai para Câmara dos Deputados
A repercussão sobre as ações tomadas pela Eletronuclear, que agora, adotou políticas de redução das despesas, ganhou novas facetas. Nesta última semana, os deputados federais Julio Lopes (PP-RJ), Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) e Reimont (PT-RJ) aproveitaram a tribuna em Brasília, no Distrito Federal, para se posicionarem contra as novas medidas, anunciadas pelo presidente Raul Lycurgo no último dia 7.
Entre as falas mais graves, estaria uma suposta ação do diretor administrativo, Sidnei Bispo, em coagir funcionários, segundo Rejane. O caso estaria em um cenário de tantas intimidações, que a deputada chega a sugerir um possível racha na empresa por demissões em massa.
- Estão tirando direitos desses trabalhadores de anos. Há risco nuclear em Angra dos Reis a ponto da demissão coletiva de superintendentes e gerentes da empresa que estão insatisfeitos com a forma que estão sendo tratados - disse.
Apoiador assíduo pela possível retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, o deputado Julio Lopes também se posicionou contra as ações. Especialmente, a cobrança de taxas impostas pela usina para funcionários que moram em casas na Vila de Mambucaba, construídas pela Eletronuclear. "É óbvio que pode haver algum desvio, alguma disfuncionalidade nas casas, mas precisa ser tratado pontualmente. Não é justo sacrificar e maltratar os funcionários da Eletronuclear", disse. Ao Correio Sul Fluminense, ele afirmou que irá acompanhar o caso de perto.
- O maior ativo de uma empresa, ainda mais uma empresa de tecnologia de ponta como a Eletronuclear, é a sua força de trabalho e por óbvio, esta deve ser respeitada - disse.
Reimont também deixou claro sua posição sobre a reestruturação proposta pela estatal. "Tirar mais de 600 trabalhadores que trabalham na Capital e transferi-los para Angra dos Reis ou fazer um punhado de mexidas, como por exemplo, nos ônibus que levam universitários não vai ser mais oferecido. Tem que ter diálogo com os servidores da Eletronuclear", concluiu.