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Região Serrana registra 204 casos de maus-tratos animais

Desde 2022 Petrópolis vem registrando um maior volume de casos | Foto: Divulgação/Prefeitura de Nova Friburgo

Por Leandra Lima 

O crime de maus-tratos a animais vem aumentando progressivamente, isso é o que retrata os dados do programa de denúncias do Estado do Rio de Janeiro, Linha Verde. Somente no primeiro semestre de 2025, ou seja, de janeiro a junho, foram captadas cerca de 204 queixas na Região Serrana, entre os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Do total, 141 denúncias foram realizadas dentro do território petropolitano, Teresópolis somou 33 e Friburgo obteve o menor número de casos, totalizando 30.

Desde 2022, Petrópolis vem registrando um maior volume de casos, comparados às cidades vizinhas: Petrópolis - 2022/66; 2023/78; 2024/209; 2025/141; Nova Friburgo - 2022/33; 2023/40; 2024/60; 2025/30; Teresópolis - 2022/ 23; 2023/41; 2024/59; 2025/33. Segundo o Linha Verde, os relatos anônimos apontam que cães, gatos e cavalos são os animais mais denunciados como vítimas de maus tratos. Em relação aos cachorros, as denúncias relatam diversos tipos de maus tratos, como falta de alimentação, abandono, espancamento, animais presos e acorrentados e outras crueldades.

Com os gatos as informações mais comuns são sobre falta de higiene, má alimentação, pessoas que se utilizam de espingardas ou chumbinho para envenenamento, além de donos que batem nos animais. Sobre cavalos, a maior parte das denúncias relata que ficam expostos ao tempo, ou seja, ao calor, chuva e frio intenso. Outro ponto destacado são as cargas e a magreza dos animais. O disque denúncia disse ainda, que há relatos envolvendo galos que são postos em "rinhas de galo" nesses territórios.

Petrópolis

Embora a prática não seja recente, hoje existe uma sensibilização maior para o tema, o que fez crescer o número de denúncias. No cenário onde em Petrópolis houve o maior número de casos durante esses seis meses, ativistas que lutam pela proteção animal acendem um questionamento sobre as políticas públicas voltados á punir quem realiza a violência. Além disso, ressaltaram a questão do abandono, algo que vem acontecendo corriqueiramente na cidade.

A presidente da ONG AnimaVida, Ana Cristina Ribeiro, fala que o abandono é uma das principais formas de maus-tratos registrados. "Eu acho que o abandono é o principal tipo de maltrato que podemos ver hoje na cidade. Abandono ou negligência, porque você deixar um cachorro solto na rua, o cachorro volta para casa, ele vai dar uma voltinha, isso é negligência, pois o dono não se importa com a segurança e o bem-estar daquele animal, porque quando ele está na rua, ele está correndo riscos. Então, esse é um tipo que a gente tem mais dificuldade de comprovar a responsabilidade por aquele animal", disse.

Para combater a prática, Ana ressalta a necessidade de políticas efetivas para a identificação do autor. "É muito difícil responsabilizar o indivíduo que abandonou o animal. A razão disso é a falta de uma política pública na cidade que crie regras, e as comuniquem a população, para serem instruídas no que fazer caso achem um, levando as autoridades para que possa ser verificada a identidade do tutor responsável ", ressaltou.

Essa movimentação, conforme a presidente da ONG, se daria através da microchipagem dos animais. "Então, a partir daí, você já tem uma identificação que não dá para retirar. O aparelho vincula o nome do responsável dentro de um sistema, isso facilitaria bastante a responsabilizar o maltrato, pois os dados ficam cadastrados no sistema da Prefeitura", enfatizou.

Em relação ao aumento de casos de violência contra os animais, o professor de Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis, Antônio Rubens de Meira Coelho, explicou que o quadro pode estar ligado à falta de empatia, de sentimentos de amizade, refletindo diretamente na conexão do homem com os animais. "A falta de conscientização sobre a importância dos animais, no auxílio do desenvolvimento afetivo, psicológico e até promovendo melhorias na saúde física, provavelmente tem levado a esse triste quadro de agressão", expressou.