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Estação Jaqueira utiliza arte e educação como ferramenta

A Jaqueira iniciou como um projeto ambiental, que recolhia materiais recicláveis | Foto: Nietta

Por Leandra Lima

Comunidade significa conjunto de habitantes que dividem um mesmo espaço, também simboliza comunhão e união entre indivíduos. Baseado nesse sentimento, a Estação Jaqueira nasceu no Vale do Cuiabá em Petrópolis, com intuito de propagar através da arte e educação uma conscientização socioambiental, onde a educação é um dos meios de mudança de mentalidade e criação para a comunidade do entorno. O espaço nasceu como um projeto ambiental de recolhimento de materiais recicláveis no território onde é localizado.

Segundo a idealizadora do projeto, Nietta Lindenberg do Monte, que é professora de língua portuguesa, literatura e Mestra em Educação, a Estação Jaqueira usa a educação como instrumento de formação ou capacitação, que acaba integrando a arte. "A arte ali é apenas uma dimensão de outra coisa mais ampla, que é social, comunitária, ambiental, e política de uma maneira geral", disse.

Início do projeto

A Jaqueira iniciou como um projeto ambiental, onde acontecia o recolhimento de materiais recicláveis dentro da comunidade, no Vale do Cuiabá e nas regiões vizinhas. Os trabalhos giravam em torno do cuidado com o meio ambiente, com a promoção da conscientização ambiental, por meio de incentivos de preservação e proteção do meio. "Por muitos anos nós atuamos com essa dimensão do cuidado ambiental, recuperamos toda a região onde o terreno se encontra. Isso é a Estação, um projeto de recuperação, reflorestamento e proteção das águas, do solo, tudo isso vem sendo feito como parte integrante do trabalho", explicou Nietta.

Até chegar no que é hoje, o projeto passou por diversas fases sem perder a essência, que coloca o meio ambiente como protagonista, no começo se chamava "R3", que significa - reduzir, reutilizar, reciclar - a partir daí surgiu uma dimensão natural do que se tem, um centro cultural que integra diversos saberes que transmitem uma ideia ancestral de cuidado com a terra e respeito ao solo sagrado. "O espaço é muito forte de arte também, porque os materiais que iam chegando eram retrabalhados por algumas das pessoas que trabalharam conosco nessa parte da reciclagem, e aí nós fomos ganhando uma alegria, uma parte mais lúdica, que era brincar com a arte, com os trabalhos que iam sendo criados ali pelos que frequentavam a Jaqueira", contou a idealizadora.

Arte presente

A primeira exposição do equipamento foi de obras de arte feitas através de reciclagem, dos materiais colhidos na estação. "Nós passamos quase um ano com cinco artistas de Petrópolis que trabalham com diferentes materiais. Então, aí está o lugar da arte, um espaço que é muito situado no meio ambiente e nas políticas, na idealização e demonstração de formas de política pública", ressaltou Nietta.

A exposição que hoje está em mostra na Estação Jaqueira chamada "Ateliê Arte Lavrinha" vai para a sede da secretaria da pessoa com deficiência, a partir do dia 27 de junho até 13 de julho, o endereço correto é: Av. Koeler, 87 - Centro. A mostra produzida com colagem, papietagem e reaproveitamento de materiais, explora temas como natureza, tempo, espiritualidade e as relações entre o humano e o natural.

Nesse contexto, Nietta Lindenberg do Monte, explica que a própria trajetória lidando com a educação popular e nas bases da pedagogia de Paulo Freire, deu base para a construção da estação. "Digamos que a arte, em todas as linguagens possíveis, era um tema transversal. E a arte sempre esteve no meu trabalho através da educação e dos trabalhos sociais com povos marginalizados, inicialmente indígenas e, nos últimos anos, com pessoas com deficiência. Essa é a minha trajetória. Isso explica atualmente a Estação Jaqueira, a nossa dimensão educacional e a arte como instrumento dessa formação ou capacitação", enfatizou.