Por:

Dia Internacional do Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas

Por Gabriel Rattes

A rede municipal de saúde de Petrópolis tem hoje 9.607 pacientes cadastrados para tratamento de álcool e outras drogas. Desses, 815 estão com acompanhamento ativo no programa. A informação foi divulgada pela Secretaria de Saúde no contexto do Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, instituído em 1987 pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 26 de junho.

Esta data foi criada para conscientizar a população global sobre essa temática, enfatizando a necessidade de combater os problemas sociais criados pelas drogas ilícitas, além de planejar ações de combate à dependência química e o tráfico de drogas. Atualmente o uso e abuso de álcool e outras drogas constituem um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo, considerando-se a magnitude e a diversidade de aspectos envolvidos.

Atendimento em saúde mental e acolhimento social

A Prefeitura informou que o atendimento aos dependentes químicos é realizado por meio do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), que oferece acolhimento individual, em grupo e familiar. O serviço funciona em sistema de portas abertas, por livre demanda ou por encaminhamentos de outras áreas, como as secretarias de Educação e de Assistência Social. Reuniões semanais, alimentação para a população em situação de rua e parcerias com instituições como a Comunidade Terapêutica Mateus 25:35 e a Oficina de Jesus, do Padre Quinha, também fazem parte da rede de apoio.

Reunião na
Câmara Municipal

Em Petrópolis, o assunto foi debatido em uma reunião especial presidida pelo vereador Dr. Aloisio. O encontro, realizado na última quinta-feira (22) , reuniu autoridades, representantes do setor executivo, profissionais da saúde, educação e conselheiros, além de representantes da sociedade civil, para discutir estratégias eficazes que possam mitigar os impactos do consumo de drogas na comunidade.

Propostas

Durante a reunião foram destacadas diversas propostas para fortalecer políticas públicas voltadas à prevenção e ao tratamento. Entre os temas abordados, enfatizou-se a importância da implementação de projetos educacionais nas escolas, onde professores poderão tratar do assunto com crianças e jovens. Além disso, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) terá papel fundamental na avaliação e acompanhamento desses projetos, garantindo um direcionamento adequado após sua execução.

Outra iniciativa debatida foi a ampliação da inclusão cultural, esportiva e de lazer, tanto para os usuários quanto para a comunidade em geral, visando criar espaços de acolhimento e reinserção social. Também foi pontuada a necessidade de treinamento e aperfeiçoamento dos profissionais que atuam diretamente na sociedade, capacitando-os para lidar com situações relacionadas ao tráfico e consumo de drogas.

Reuniões
intersetoriais

O conselho municipal, por sua vez, reforçou a relevância de reuniões intersetoriais, permitindo que diferentes instituições se encontrem para debater soluções conjuntas. Foi sugerida ainda a criação de um fundo específico para a execução dessas políticas públicas, bem como o fortalecimento de campanhas educativas voltadas à conscientização da população.

Outro ponto essencial abordado na reunião foi a necessidade de entender o histórico familiar dos usuários e desenvolver um trabalho integrado de educação e segurança pública. A proposta visa a promoção de ações conjuntas entre as secretarias de educação, assistência social e saúde, que poderão ampliar o alcance das iniciativas preventivas e de conscientização.

O vereador Dr. Aloisio enfatizou a urgência de ações concretas e políticas públicas para a prevenção, destacando sua recente conversa com o comandante do 26º Batalhão da Polícia Militar de Petrópolis. "Tive uma reunião com o comandante do 26° batalhão da polícia militar em Petrópolis e ele falou sobre o aumento significante da venda e consumo de drogas. Como médico e vereador, vejo a necessidade de levantar campanhas e políticas públicas que ajudem na prevenção, garantindo que nossas crianças e jovens tenham um futuro mais seguro", afirmou.

Relatório Mundial sobre Drogas 2024

O Relatório Mundial sobre Drogas 2024, lançado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), apontou que mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas em 2022, um aumento de 20% em relação à década anterior. A canábis continua a ser a droga mais consumida em todo o mundo (228 milhões de usuários), seguida dos opioides (60 milhões), das anfetaminas (30 milhões), da cocaína (23 milhões) e do ecstasy (20 milhões de usuários).

Em 2022, estima-se que 7 milhões de pessoas tiveram algum contato formal com a polícia (prisões, advertências, notificações) por delitos relacionados a drogas, das quais quase dois terços foram por uso ou posse de drogas para consumo. Além disso, 2,7 milhões de pessoas foram processadas por delitos relacionados a drogas e mais de 1,6 milhão foi condenada globalmente em 2022, embora existam diferenças significativas entre os países em termos de uso ou posse de drogas e diferenças significativas entre os países na resposta da justiça criminal às infracções relacionadas a drogas.

"Cerca de 64 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos associados ao uso de drogas, enquanto centenas de milhares perdem suas vidas, todos os anos, em decorrência disso. E quase 14 milhões de pessoas em todo o mundo usam drogas injetáveis, o que as tornam mais propensas a contrair HIV e hepatite C. Apesar dos riscos, o uso global de drogas cresceu na última década", explicou a diretora-executiva do UNODC, Ghada Fathi Waly.

"Os jovens são os que correm mais riscos, e o mercado de drogas ilícitas tem focado neles com novas tendências e métodos de uso. As drogas sintéticas de alta potência ampliam os perigos, enquanto o tráfico de cocaína também está crescendo. E a desigualdade continua sendo uma questão central, com mulheres, pessoas em situação de pobreza e vulnerabilidade enfrentando maiores desafios de dependência e obstáculos ao tratamento", completou.