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353 denúncias de crimes ambientais em Petrópolis

Por Leandra Lima

O "Linha Verde", programa de denúncias de crimes ambientais do Estado do Rio de Janeiro, registrou cerca de 11.935 chamadas entre o mês de janeiro a maio, um aumento de 42% comparado ao mesmo período de 2024, que totalizou 8.385. Do quantitativo geral de 2025, Petrópolis foi responsável por efetuar 353 queixas no programa, destacando a região no ranking dos 10 municípios que mais realizaram denúncias de cunho ambiental, sendo eles:

1º - Rio de Janeiro (5.019);

2º - Nova Iguaçu (737);

3º - Duque de Caxias (585);

4º - São Gonçalo (492);

5º - Niterói (429);

6º - Petrópolis (353);

7º - Belford Roxo (282);

8 º - Maricá (274);

9 º - São João de Meriti (256);

10º - Angra dos Reis (183).

O Linha Verde apontou que a maior parte das denúncias são referentes aos crimes de maus tratos contra animais, poluição do ar, extração irregular de árvores, guarda e comércio de animais silvestres, lixo acumulado, desmatamento florestal, construção irregular e queimadas.

Em relação às queimadas o programa reforça a campanha estadual "Disque Balão" contra a soltura de balões, tendo em vista a proximidade das festividades juninas. Esse crime específico vem sendo um dos mais preocupantes em Petrópolis, em 2023 entre janeiro e junho foram 21 casos, já em 2024 esse número triplicou, passando para 79, em relação ao mesmo período, ou seja, nos primeiros 6 meses do ano.

Segundo o ativista ambiental, Claudio Homar Batista, vice-presidente do Instituto Larissa Saruê, a maior parte dos incêndios é causado por mãos humanas, seja por meio de solturas de balões, churrasco e fogueira em trilhas, guimba de cigarro, queimada de lixo no fundo de quintal ou terrenos. "Essas ações causam tragédias ambientais gravíssimas como o desflorestamento da área. A terra fica desprotegida, aí vem as chuvas e como fruto dessa fragilidade vem as barreiras e as vítimas. O que está acontecendo em Petrópolis é isso aí, infelizmente", explicou.

Consequências

As consequências de quaisquer crimes contra o meio ambiente, seja o acúmulo de lixo urbano e a queima de hectares, causam grandes impactos ao ecossistema, à biodiversidade e na saúde pública social. Além disso, causam danos irreversíveis e colaboram para os efeitos prejudiciais das mudanças climáticas no planeta. A Organização das Nações Unidas listou às oito principais consequências desse fator, já sentido pela população, sendo eles: Temperaturas mais altas; Tempestades mais fortes; Aumento do nível dos oceanos; Extinção das espécies; Escassez de alimentos; Riscos à saúde e aumento da pobreza e deslocamentos.

Alguns desses efeitos são sentidos com mais intensidade pelos petropolitanos, como por exemplo a questão das chuvas e do deslocamento. Em 2024, a cidade liderou o ranking nacional, como a região com maior número de ocorrências de deslizamentos e inundações. Nos últimos anos, também aconteceram grandes episódios que ficaram guardados na memória, como o fatídico 15 fevereiro e 20 março de 2022. Na ocasião uma tragédia socioambiental atingiu a cidade, deixando 235 mortos e cerca de quatro mil desabrigados. Além desse, há outros registros como a tempestade que atingiu o Vale do Cuiabá em 2011, deixando 72 mortos.

O deslocamento dessas pessoas se tornou um problema, pois a incidência dessas ocorrências é em sua maioria em regiões pobres, sem infraestrutura. Sem os aparatos necessários as pessoas movem para outras regiões que também são consideradas áreas de risco, as deixando sem expectativas. Esses são apenas uns dos efeitos dos eventos climáticos extremos, que revelam o quão frágil e vulnerável são as políticas públicas para lidar com o problema.

Diretrizes

Frente às constantes ocorrências, o município vai estabelecer diretrizes gerais para a elaboração dos planos de adaptação à mudança do clima, com o objetivo de implementar iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas ambiental, social e econômico frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima.

Segundo o projeto, serão estabelecidas medidas para integrar a gestão do risco da mudança do clima nos planos e políticas públicas setoriais e temáticas existentes e nas estratégias de desenvolvimento local. As ações incluem a gestão e a redução do risco climático frente aos efeitos adversos da mudança do clima de modo a evitar perdas e danos, com base no grau de vulnerabilidade conforme definido pela Política Nacional sobre Mudança do Clima; o estabelecimento de instrumentos econômicos, financeiros e socioambientais que permitam a adaptação dos sistemas naturais, humanos, produtivos e de infraestrutura; integração entre as estratégias de mitigação e adaptação nos âmbitos local, regional; o estabelecimento de prioridades com base em setores e regiões mais vulneráveis, a partir da identificação de vulnerabilidades; a previsão de medidas para enfrentamento dos desastres naturais mais recorrentes e para diminuir a vulnerabilidade dos sistemas rurais e urbanos aos efeitos adversos da alteração do clima previstos no nível local, estadual, regional.

As diretrizes deverão ser implementadas pela atual gestão ainda este ano.