O Palácio do Planalto aposta em um relacionamento absolutamente tranquilo com a Câmara em 2026, se não houver algum grande desgaste na área econômica. E a chave para o entendimento é o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos).
O relacionamento já esteve tão ruim que Motta chegou a romper publicamente com o líder do PT na Casa, o deputado Lindbergh Farias (RJ), que não mais será o líder. Em 2026, já era prevista a troca e, muito provavelmente, assumirá um ideputado que se dê bem com Hugo Motta.
Além disso, na avaliação do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara precisará do apoio de Lula na eleição de outubro em seu estado. Não tanto para ele próprio se reeleger deputado federal, o que considera tranquilo.
Hugo precisará do apoio do presidente para tentar eleger seu pai, Nabor Wanderley (Republicanos), como senador. Nabor amarga um terceiro lugar nas pesquisas, tendo à frente, disparado, o governador João Azevedo (PSB), e, em segundo lugar, o atual senador Veneziano Vital do Rego (MDB).
Lula tem pontuado nas pesquisas eleitorais do estado com cerca de 60% das intenções de voto para presidente. João Azevedo e Vital são seus aliados. Para Hugo Motta, caso seu pai seja identificado como oposicionista, aí é que ele não se elege mesmo.
No mínimo, o que o presidente da Câmara espera do presidente da República é que transmita também simpatia por Nabor Wanderley. E por conta dessa expectativa Hugo Motta já tem dado demonstrações de aproximação com o Palácio do Planalto.
Ele assumiu publicamente o namoro com o presidente Lula na sexta-feira, 23, Durante discurso na cerimônia de posse do novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, uma indicação sua para o cargo. Motta "os embates" que teve com o governo, mas que, daqui para diante, fará "valer a confiança" do presidente da República.
Por outro lado, o governo considera fundamental o bom relacionamento com a Câmara em 2026. Caberá a Motta colocar em pauta e apoiar projetos decisivos para a campanha eleitoral. São eles:
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública; o Projeto de Lei Antifacção, com manutenção do texto aprovado pelo Senado; a PEC que propõe o fim da escala 6×1; e a expansão para todo o país da "Tarifa Zero" para o transporte público, reformulando a contribuição das empresas com o Vale-Transporte.
Se metade dessas propostas for aprovada e a outra metade avançar satisfatoriamente sua tramitação, os aliados do presidente Lula acreditam que estará praticamente garantida a reeleição.
São propostas que, se barradas, podem colocar a oposição em confronto contra a maioria do eleitorado. Também têm potencial para reverter a imagem que Hugo Motta construiu à frente da Câmara, de que "não se importa" com os mais pobres, conforme afirmou um outdoor colocado por adversários em seu estado que tanto o irritou.
Está redondamente enganado quem disse que "Hugo nem se importa" com eleição.