Por: Tales Faria

Com carta de Bolsonaro, Tarcísio desiste e sobram vários na direita

Zema, Ratinho, Tarcísio e Caiado em ato pró-Bolsonaro | Foto: Reprodução Instagram de Romeu Zema

A carta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçando a pré-candidatura à Presidência de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi entendida pelo centrão como um recado de que a escolha é para valer.

"É irreversível", disse um presidente de partido do centrão à coluna.

As principais lideranças do centrão vêm na carta um aviso ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos): Se for candidato a presidente, ele terá que disputar com Flávio os votos dos bolsonaristas no primeiro turno das eleições de 2026.

Cabe apenas ao governador decidir se enfrenta o desafio e irá se desincompatibilizar, ou se decidirá por concorrer à reeleição.

Ele disse, nas conversas reservadas com os chefes do centrão, que não vê mais como manter a candidatura a presidente da República. Mas vai reforçar o discurso oposicionista, pois seu adversário no estado virá com apoio total do governo federal.

No entanto, a elite empresarial e financeira do país – apelidada de "Faria Limers", por causa da concentração de bancos e grandes escritórios empresariais na avenida Faria Lima, de São Paulo – ainda não desistiu. Avalia que Tarcísio tem até abril para bater definitivamente o martelo.

Pela lei, chefes do poder Executivo estadual e federal não precisam se desincompatibilizar para concorrer à reeleição. Mas têm que deixar o comando do governo se forem disputar outro cargo. E o prazo para a desincompatibilização é até abril.

O Centrão já começa a traçar estratégias alternativas. Os chefes dos partidos de centro ficam com a versão que ouviram do próprio Tarcísio, de que ele não se afastará do cargo de governador. Portanto, de que irá concorrer à reeleição no estado. Mas expectativa dos partidos do centrão é de que apenas Tarcísio desistirá.

Flávio Bolsonaro não é visto como um nome viável de candidato a presidente da República. PP e União Brasil só admitem a possibilidade de apoiá-lo se ele conseguir baixar significativamente suas taxas de rejeição nas pesquisas eleitorais.

De acordo com a última pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 15, Flávio Bolsonaro tem 62% de rejeição do eleitorado, um nível que torna impossível sua vitória nas urnas, segundo analistas. Mas, de qualquer forma, a carta de Bolsonaro revela que seu filho deverá ter a candidatura mantida.

Além de Flávio, a expectativa na direita é de ter vários candidatos: novos nomes que surjam e os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); do Paraná, Ratinho Junior (PSD); e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

O centrão ficará à espreita. Se nenhum dos candidatos da direita deslanchar, seus integrantes serão liberados para apoiar quem quiser. Já a chamada "Faria Lima" tende a apostar em Ratinho Junior.

A estratégia, com a saída de Tarcísio, é manter várias candidaturas à direita e torcer para que um deles consiga chegar ao segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).