Por: Tales Faria

Motta assume namoro com Lula na posse de Feliciano

Hugo Motta discursa em apoio ao governo na posse de Gustavo Feliciano | Foto: Reprodução TV

Título desta coluna na quarta-feira, 17: "Lula e Motta começam acerto e governo poupa R$ 21 bi."

O texto chamava atenção para a mudança de postura do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), até então não percebida pela mídia.

Motta iniciou sua maratona política daquela semana colocando em votação, na segunda-feira, 15, o projeto que liberou dos cálculos da meta fiscal os gastos de saúde e educação cobertos pelo Fundo Social. No mesmo dia ele deu a largada na fase final da reforma tributária, aprovada no dia seguinte.

Na terça-feira, comandou a reunião de líderes em que foram adiados para o ano que vem, como queria o governo, dois projetos: a Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública e o Projeto de Lei conhecido como PL Antifacção, que fora alterado pelo Senado e voltou para a Câmara.

No mesmo dia ele recebeu em seu gabinete o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Fecharam os últimos detalhes para aprovação – madrugada a dentro – de outro projeto considerado fundamental pelo governo: o corte linear de cerca de 10% em parte dos gastos tributários. Uma poupança anual de R$ 21 bilhões para os cofres públicos que permitiu fechar o Orçamento de 2026.

Nas semanas anteriores, Motta estava às turras com o governo e desgastado com a opinião pública. O que mudou? A coluna contou que a causa foi um chamado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o encontro no domingo anterior, dia 14.

Na presença de Haddad, os dois acertaram ponteiros para fechar em paz o ano de 2025 e começarem 2026. Mas não acertaram só a pauta da Câmara.

Na quinta-feira, 18, Lula anunciou que o ministro do Turismo, Celso Sabino, deixava o cargo. Seria substituído por Gustavo Feliciano, filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB).

A coluna sublinhou, no dia 18, que Feliciano "foi indicado e não foi" pela bancada do União Brasil. Motivo do sim e não: "Gustavo Feliciano também foi apadrinhado por um político de peso de fora do partido, [...] o presidente da Câmara, Hugo Motta".

O acerto definitivo, contava o texto, ocorreu naquele domingo, 14, do encontro em que Lula e Motta acertaram os ponteiros para votação dos projetos da virada do ano. Motta apadrinhou Feliciano, mas não assumia publicamente.

Só assumiu na cerimônia de posse desta sexta-feira, 23. Compareceu ao ato no Palácio do Planalto, sentou-se ao lado de Lula e discursou sobre os novos tempos entre governo e a Câmara.

"Não tivemos um ano fácil, foi um ano de [...] embates, mas o ano que o Congresso Nacional não faltou ao governo do senhor. Nós tivemos aprovações importantes que dão ao senhor a certeza de que o governo encerra o ano muito melhor do que iniciou", disse Hugo Motta. E completou:

"Gustavo terá o apoio[...] da Câmara dos deputados para ajudar à sua gestão [...]. Eu não tenho a menor dúvida de que, juntos, nós vamos construir essa gestão, esse trabalho que, com certeza, fará valer a confiança que o senhor [o presidente Lula] está tendo no querido Gustavo Feliciano."