O substituto de Celso Sabino como ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, é filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB), mas o partido não assume sua indicação.
Ele toma posse em situação muito semelhante à do próprio Celso Sabino. Foi indicado e não foi pela bancada do partido na Câmara e tem padrinhos de outros partidos que não assumem publicamente o apadrinhamento.
Junto com seu pai, Feliciano será encarregado de conquistar votos do União Brasil a cada votação. É desta forma que Feliciano trará votos no Congresso. Não virá toda a bancada, mas ele terá papel importante.
Vale lembrar que o ministro que sai entrou no governo com a benção do governador do Pará, Jader Barbalho (MDB). É outra semelhança com o ministro que entra: Gustavo Feliciano também foi apadrinhado por um político de peso de fora do partido, no caso dele, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O acerto definitivo para sua entrada ocorreu no último domingo, 14, no encontro em que Lula e Motta acertaram os ponteiros para votação dos projetos de interesse do governo na virada do ano. Motta é padrinho, mas não assume publicamente.
Da mesma forma, o comando do União Brasil não assume publicamente a indicação. Principal cacique do partido na Paraíba, o senador Efraim Filho declarou que não participou da escolha. Segundo ele, Feliciano assumiu por causa da proximidade política de sua família com o governo federal.
Em entrevista à imprensa para explicar sua saída, Celso Sabino disse que deixou o cargo por um acordo para retorno do União Brasil à base de apoio ao governo no Congresso.
Não é bem assim. O acordo não é para o União ingressar na base do governo, já que os caciques do partido continuarão afirmando que oficialmente a sigla não apoia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tanto que ameaçou expulsar Celso Sabino se este permanecesse no governo.
O acordo real é pelo ajuda de Hugo Motta à tramitação dos projetos de interesse do governo em moldes semelhantes ao mantido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP): uma proximidade não exagerada.
É isso que Lula e Motta acertaram no encontro de domingo e o presidente da Câmara começou a colocar em prática já na segunda-feira.
Com o União Brasil, o acordo é do tipo "viva e deixe viver". Ou seja, o partido não precisa integrar a base governista, mas deve deixar votarem com o governo os deputados que quiserem. Assim como ocorre no Senado.
Na proximidade das eleições de 2026, os integrantes do partido em cada estado decidem o que fazer, já que muito provavelmente o União Brasil não terá candidato próprio a presidente da República.