Por: Tales Faria

O MDB de São Paulo quer Simone candidata em Mato Grosso do Sul

Simone Tebet amplifica as críticas ao Congresso | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O MDB de São Paulo pediu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, que ela não transfira seu título para o estado.

A ideia da transferência do domicílio eleitoral chegou a ganhar força no Palácio do Planalto como forma de aumentar a bancada de senadores governistas a partir de 2027.

Simone é registrada na Justiça Eleitoral do Mato Grosso do Sul, estado que já a elegeu senadora em 2014. Em 2022, ela disputou a Presidência da República, aderindo no segundo turno à campanha do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula considera prioridade ter candidatos fortes ao Senado em 2026 para enfrentar os bolsonaristas. Daí surgiu a ideia de transferir Simone para São Paulo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, já anunciou que pretende eleger uma "grande bancada" de senadores aliados. O objetivo é ter votos suficientes para aprovar impeachments de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A legislação atual estabelece maioria simples (41 dos 81 senadores) para recepcionar e afastar os ministros. A Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) defende que o quórum seja de dois terços (54) dos senadores.

Para o MDB, Simone tem mais chances de se eleger senadora em seu próprio estado. Em São Paulo, ela seria um transtorno para o partido, que pretende fazer campanha pela reeleição do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Se conseguir evitar que os bolsonaristas elejam a bancada que desejam, Lula ganha duplamente. Primeiro, por conquistar uma base de apoio ao governo maior. Depois, por blindar os ministros do Supremo, o que garantirá uma simpatia maior da Corte a seu eventual novo governo.

Nacionalmente, o MDB não deverá lançar candidato a presidente da República, nem apoiar formalmente nenhum nome. Embora, a maioria do partido esteja mais próxima do apoio à reeleição do presidente Lula, a tendência é cada estado fechar com quem for mais apropriado.

O PT, por sua vez, já tem uma das vagas de candidato ao Senado em São Paulo praticamente preenchida. Trata-se do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele comunicou ao presidente que está pronto para assumir o papel que Lula determinar, o que significa que deverá se desincompatibilizar do Ministério em abril.

Há quem defenda no partido que Haddad seja candidato a vice-presidente, mas é pouco provável que Lula abra mão de Geraldo Alckmin (PSB). Além disso, uma chapa puro sangue do PT ao Planalto não teria tanto apelo eleitoral.

Simone Tebet, por sua vez, também não tem demonstrado empolgação com a proposta de transferência do título eleitoral. Houve tempo em que ela enfrentava resistências do MDB local, mas essas resistências foram superadas com a ajuda da direçãp nacional do partido.

A propósito, o presidente nacional do MDB é de São Paulo: o deputado federal Baleia Rossi.