Por: Tales Faria

Faria Lima é disputada por Tarcísio e Ratinho Junior

Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

"O Flávio vai contar com a gente. O Flávio tem uma grande responsabilidade: a partir de agora, ele se junta a grandes outros nomes da oposição que já colocaram seus nomes à disposição. A gente tem o Romeu Zema (Novo), a gente tem o Ronaldo Caiado (União Brasil)", declarou nesta segunda-feira, 8, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Progressistas).

Foi sua primeira fala depois que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lançou-se como pré-candidato a presidente da República e, depois, voltou atrás, dizendo que podia não concorrer, se o centrão entregasse à família a liberdade (ou anistia) do seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Não passou despercebido no meio político o fato de que Tarcísio deixou de citar, entre os possíveis candidatos, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Ratinho é apontado na Faria Lima como o nome da preferência do empresariado e do setor financeiro para candidato a presidente, caso Tarcísio não dispute o Palácio do Planalto.

Cresceu nas bolsas de apostas, depois que Flávio se colocou como o nome da preferência do pai para o Palácio do Planalto, a possibilidade de que Tarcísio não concorra à Presidência da República e dispute apenas a reeleição como governador.

A chamada Faria Lima – ou seja, a nata do empresariado e do setor financeiro em São Paulo – não concordou com a decisão do ex-presidente, que está preso na Polícia Federal em Brasília, desde que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Para a Faria Lima, Jair Bolsonaro tornou-se uma companhia tóxica, embora ainda tenha força eleitoral, pessoalmente. Seus filhos, no entanto, carregam apenas a toxididade no sobrenome, sem trazer os votos que o clã imagina terem.

Já Tarcísio de Freitas tem dado mostras de que manterá sua fidelidade a Bolsonaro, deixando o caminho livre para que o filho Zero-Um mantenha-se como o candidato do bolsonarismo.

Tarcísio, assim como a maioria dos políticos do centrão, não acredita que Flávio Bolsonaro se sairá bem nas urnas. Com o filho do ex-presidente fracassando, sobrará ele, Tarcísio, como o verdadeiro herdeiro político de Jair Bolsonaro.

Esse patrimônio o governador pode usar nas eleições de 2030, quando o ex-presidente ainda estará inelegível. Então, se reeleger em São Paulo e aproveitar para se fortalecer eleitoralmente no período, não seria uma má opção.

Mas, para que esse plano dê certo, não pode aparecer na direita nenhum outro nome da geração de Tarcísio com potencial para crescer neste período. E é justamente nesse vácuo que o governador do Paraná tenta se colocar.

Já que tem a simpatia da Faria Lima, Ratinho Júnior hoje é uma espécie de clone de Tarcísio, sem as amarras do clã Bolsonaro. É portanto, a maior ameaça aos planos do governador de São Paulo, e não Flávio Bolsonaro, ou qualquer outro.