A avenida Brigadeiro Faria Lima representa o dinamismo econômico de São Paulo. Aquele corredor com torres de lojas e escritórios luxuosos se tornou sinônimo de capital financeira e empresarial do país.
Hoje, na política e na economia, fala-se que "a Faria Lima" pensa, gosta ou quer alguma coisa. Como se fosse um ser vivo com pensamento único. Mas não é bem assim. A Faria Lima, como qualquer outro agrupamento, tem diversas correntes com propostas diversas e até conflitantes. O tom é dado pelo subgrupo hegemônico.
Em 2018, tornou-se hegemônico o subgrupo que acreditava possível tutelar um bronco capitão reformado e mal formado do Exército, enterrando de vez o sindicalista que levara o país para uma gestão esquerdista por quase 14 anos a partir de 2003.
Mas não foi possível tutelar o capitão mal formado e nem mesmo implantar o liberalismo radical desenhado por Paulo Guedes, o representante da Faria Lima na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Por conta disso, a Faria Lima rachou sem que nenhum grupo assumisse papel hegemônico.
Nas eleições de 2022, o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassumiu a Presidência da República para desgosto dos "faria limers". Mas para 2026, novamente com um grupo hegemônico, voltaram a sonhar com o poder.
Este grupo ainda tem como candidato, segundo a coluna apurou, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Progressistas). Mas está preparado para encampar outro candidato, desde que não seja nem o presidente Lula, nem Bolsonaro, inclusive os filhos do ex-presidente e sua mulher.
As alternativas a Tarcísio na conta da Faria Lima são, nesta ordem, os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e de Minas Gerais, Romeu Zema.
Para a Faria Lima, assim como Lula assumirá o governo se outro petista for eleito, também Bolsonaro assumirá o Palácio do Planalto se conseguir eleger um integrante de sua família.
Tarcísio não é visto mais como um bolsonarista. A Faria Lima considera tê-lo abduzido. Tem um pensamento econômico liberal e é defensor do conservadorismo de Bolsonaro. Mas não é um bolsonarista, embora seja aceito pelo grupo. E, principalmente, é o que está em melhores condições, na direita, de concorrer contra Lula, segundo as pesquisas eleitorais.
Isso ainda o torna o candidato ideal a presidente da República, já que acabará não emplacando a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ou qualquer outro integrante do clã.
Na visão dos "faria limers" que hoje são hegemônicos naquele grupo do mercado financeiro e do empresariado paulista representado pelas altas torres, escritórios e lojas luxuosas quase às margens do rio Pinheiros, o ideal é convencer Tarcísio de Freitas a não desistir da candidatura presidencial.
A avaliação do grupo é que, apesar de Bolsonaro ter anunciado o filho como seu candidato predileto, na hora em que Flávio empacar - ou não for ao 2ºTurno - Bolsonaro e os bolsonaristas votarão em peso no governador de São Paulo.
O único problema é convencer o governador a aceitar correr o risco.