Por: Tales Faria

Caroline de Toni não concorrerá ao Senado, diz Bolsonaro

Caroline de Toni | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom - Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a políticos de Santa Catarina que irá intervir nas discussões sobre a composição de uma chapa de direita no estado.

A direita de Santa Catarina está rachada desde que o filho "Zero-Dois" do ex-presidente, vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), resolveu concorrer ao Senado pelo estado com o apoio do pai.

Jair Bolsonaro encontrou-se recentemente com um político aliado, e fez confidências na presença de outro filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Mesmo em prisão domiciliar, o ex-presidente da República insistiu que usará sua força no PL para que Carlos ocupe uma das duas vagas de candidato ao Senado por Santa Catarina.

Bolsonaro disse mais: que a deputada Caroline de Toni (PL-SC) desistirá de concorrer e aceitará compor, como vice, uma chapa pela reeleição do atual governador, Jorginho Mello (PL).

"Ela ainda não aceitou, mas vai concordar", disse Jair Bolsonaro num tom de absoluta segurança.

Segundo o ex-presidente, o marido da deputada, Matheus Bortoluzzi, já concordou e ajudará a convencer Caroline.

Bortoluzzi é empresário e filho de um ex-prefeito de Xanxerê, cidade no Oeste do estado de Santa Catarina.

Segundo Bolsonaro, o empresário confidenciou que não gostaria que sua esposa passasse oito anos como senadora, em constantes deslocamentos para Brasília, ainda mais agora que acaba de dar à luz uma filha.

Se for verdade o que diz Bolsonaro, não haveria mais racha no partido no Estado.

Caroline é a primeira colocada nas pesquisas para o Senado e vinha dando declarações de que estava disposta a sair do PL se tivesse que ceder a vaga a Carlos Bolsonaro. Ela tem até um oferecimento de filiação ao Novo.

A chapa de direita no Estado que está sendo montada tem a outra vaga ocupada pelo atual senador e ex-governador Esperidião Amin (PP).

O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse à coluna que o partido "não abre mão de Amin como candidato ao Senado".

O problema que fica é a composição com outros partidos no campo da direita em Santa Catarina.

O PSD e o MDB, por exemplo, ficarão praticamente inviabilizados na chapa desenhada por Bolsonaro.

O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), vinha sendo tendo seu nome especulados como um possível candidato a vice, assim como o deputado Carlos Chiodini (MDB).

Ambos nem sequer foram citados na proposta do ex-presidente da República.

João Rodrigues tem ameaçado concorrer diretamente contra o governador Jorginho Mello. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse à coluna que Rodrigues "parece bastante determinado" a se candidatar a governador.

Ou seja, o ex-presidente Jair Bolsonaro interfere na composição da chapa da direita no estado apenas para solucionar o problema de seu partido entre o filho Carlos e Caroline de Toni. Mas mantém os aliados sem acesso ao butim, o que acaba trazendo novos problemas.

João Rodrigues tem potencial para causar problemas à reeleição do governador. E o MDB do deputado Carlos Chiodini é o segundo maior partido do estado em número de prefeituras e bancadas.

Dificilmente PSD e MDB se contentarão em integrar um "condomínio" sem qualquer protagonismo.

"Esse é o problema dos Bolsonaro. Onde eles metem a mão, a coisa acaba desandando", disse à coluna um político do centrão, antes aliado incondicional do ex-presidente e, agora, um aliado em processo de afastamento.