Por: Tales Faria - BSB

Isenção de IR e fim da jornada 6x1 puxarão a campanha de Lula

Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições para presidente, em 2018. | Foto: Foto Ricardo Stuckert - divulgação Partido dos Trabalhadores

Em sua primeira entrevista coletiva de imprensa logo após a aprovação do projeto de isenção da cobrança de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembrou que essa era uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), "cobrada durante todo o governo".

Da porta do ministério, em Brasília, Haddad afirmou ter certeza de que o presidente estaria naquele momento comemorando, em Belém, a aprovação "dessa novidade no cenário político nacional".

E Lula, que havia viajado para paraticipar da COP30 no Pará, estava mesmo eufórico. Para o presidente, a aprovação da isenção de IR é exatamente o que disse Haddad: a "novidade no cenário político nacional". Uma novidade com que Lula contava para a campanha pela sua reeleição em 2026.

A equipe de comunicação do PT, a essa altura, já está com as turbinas ligadas, preparando as peças a serem utilizadas.

Agora Lula pretende juntar à "novidade" da isenção do IR uma outra promessa de campanha de enorme potencial. Trata-se da deproposta que obriga as empresas a oferecerem dois dias de descanso na jornada semanal de trabalho de seus funcionários.

O fim da jornada 6x1 é uma proposta antiga que estava travada no Congresso. O PSol da Câmara foi o primeiro partido a retomá-la como bandeira de luta nesta legislatura, mas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Progressistas), já manifestou "preocupação" com o tema.

Mas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) acabou avançando mais no Senado, na Comisssão de Constituição e Justiça (CCJ), onde estava travada há inacreditáveis dez anos.

Em um acordo dos governistas com o centrão e a oposição, no mês passado, ficou acertada a realização de audiências públicas. O senador Rogério Carvalho (PT-SE), foi encarregado de relatar da versão mais recente da PEC que mudará a Constituição para reduzir a jornada limite de trabalho de 44 horas para 36 horas semanais.

Assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi quem protagonizou a articulação política pela aprovação do projeto de IR, o novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, é quem deverá pilotar o tema no governo.

Boulos assumiu o cargo no dia 25 de outubro com a missão de trazer para dentro do Palácio do Planalto os movimentos sociais. Ele mesmo se coloca até hoje como um militante de movimentos sociais, especialmente o Movimento do Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

Foi no MTST onde Boulos se formou politicamente. Sua militância marcou mais sua carreira do que a graduação em filosofia e o mestrado em psiquiatria pela Universidade de São Paulo. E é essa militância que fez Lula nomeá-lo ministro às vésperas da campanha eleitoral.

Eleito deputado federal pelo PSol de São Paulo com cerca de 1 milhão de votos, Boulos desistiu de concorrer ao Senado para se dedicar de corpo e alma às articulações pela aprovação do fim da escala 6x1.

Ele disse à coluna que essa é uma prioridade absoluta do presidente Lula. Perguntado se não acha que será difícil aprovar neste ano de 2025. Ele respondeu que, então, o fim da escala 6x1 entrará como promessa principal da campanha eleitoral em 2026.

"Com o presidente sendo reeleito e tendo esse projeto como promessa de campanha, inevitavelmente o novo Congresso irá aprová-lo."

Para isso deverá ser fundamental o apoio de movimentos de rua como o MTST e outros em que o novo ministro tem penetração.