Por: Tales Faria

Há risco de violência no 7/set

Dia da Independência do Brasil com riscos de violência | Foto: Reprodução

Entidades e partidos de esquerda, como PT, Psol, PCdoB e PSB, e as frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Grito dos Excluídos estão convocando manifestações populares em todo o Brasil para o dia o 7 de Setembro.

É quando também ocorrem as tradicionais comemorações dos militares pelo Dia da Independência, com desfiles de tropas nas principais cidades do país.

No mesmo dia, partidos de oposição e grupos bolsonaristas também estão convocando seus aliados para ir às ruas se manifestar contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

É nitroglicerina pura.

Estaremos em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do chamado "núcleo crucial", acusados de comandar a tentativa de golpe de Estado entre 2022 e o quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023, incluindo atos violentos contra autoridades.

O "núcleo crucial" começa a ser julgado no próximo dia 2, cinco dias antes das manifestações programadas. É integrado por figuras poderosas do governo passado ainda influentes na área de segurança do país, além do próprio ex-presidente. São eles:

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

O ex-presidente está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica imposta pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Também o general Braga Netto está preso sob acusação de tentar atrapalhar o julgamento.

O ministro Alexandre de Moraes será outro alvo específico das manifestações da oposição, especialmente de grupos evangélicos ligados ao pastor Silas Malafaia, cujos passaportes e aparelhos eletrônicos foram apreendidos na quarta-feira,20.

Malafaia foi flagrado, em troca de mensagens com Bolsonaro, articulando o incentivo aos Estados Unidos para impor sanções e o tarifaço contra o Brasil.

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), afirmou que a manifestação do dia 7 de setembro será decisiva "para milhões de brasileiros". Ou seja, a direita deposita grande expectativa.

O ato foi inicialmente convocado pelo próprio Malafaia, antes de ter seu passaporte apreendido. Ele havia declarado:

"Sete de setembro vai ser uma megamanifestação, com toda certeza (…). O que o Alexandre está colocando, acho que nem Lula ou a esquerda querem: o (papel) de vítima. O lugar mais espetacular para um político ficar é o de vítima. Bolsonaro está sendo vítima de uma farsa de pseudogolpe."

Não se sabe o quanto Malafaia investirá agora no ato. Mas o risco de embate com a esquerda permanece. O presidente nacional do PT, Edinho Silva, nega interesse em confronto com a manifestação bolsonarista. Ele aponta a questão da soberania nacional e a reação ao tarifaço como motivações da esquerda.

"O 7 de setembro é para que a gente apoie as iniciativas no Brasil para combater privilégios e construir um país mais justo", disse.

Segundo Edinho, os atos devem apoiar as iniciativas do governo Lula voltadas para a justiça social, mas terão organização e definições descentralizadas - "cada Estado vai organizar seus atos" - o que, para quem conhece esse tipo de movimento, sempre envolve a perda de controle.