Por: Tales Faria

Kassab e Ciro disputam quem é mais centrão

Ciro Nogueira: chances de vitória com união | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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Kassab não define se é oposição ou se é governo | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um deles, o senador Ciro Nogueira (PI), é presidente nacional do PP; o outro é o secretário de Governo de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

O partido de Kassab saiu das eleições de 2024 com o maior número de prefeitos do país, 885. Mas o PP de Ciro acaba de oficializar uma federação partidária com o União Brasil. Juntos, os dois partidos elegeram 1.331 prefeitos em 2024.

Não dá para comparar o poder de cada um ainda. Kassab é senhor absoluto de seu partido. Ciro ainda viverá disputas internas com outros caciques na nova legenda, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Mas ambos têm algo de muito parecido: estão entre os maiores caciques da política brasileira no momento. Também são as mais perfeitas definições de políticos do centrão no país. Podem ser governo e podem ser oposição ao mesmo tempo.

Com uma diferença: Ciro não tem vergonha de ser classificado como integrante do centrão. Já Kassab faz questão de não ser enquadrado nesse agrupamento partidário, embora sempre o seja.

O partido de Kassab na Câmara, acaba de se juntar ao centrão para defender, na reunião de líderes desta terça-feira, a colocação em pauta do foro privilegiado.

Não deu, porque, juntos, só representam 247 deputados. Para falar pela maioria de 257 dos 351 integrantes da Câmara precisariam do apoio do MDB, que ficou com os governistas. O PSD, como um legítimo integrante do centrão, desta vez foi com a oposição, o que não fará sempre.

Kassab é secretário de Estado e braço direito do governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possível candidato ao Palácio do Planalto, contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Está cotado até para ser candidato a vice na chapa de Tarcísio, se o governador preferir disputar a reeleição.

Mas no último dia 7, na qualidade de presidente nacional do PSD, ele almoçou com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, junto com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT); os líderes do PSD na Câmara, Antônio Brito (PSD-BA) e no Senado, Otto Alencar (PSD-BA); e os três ministros do PSD: André de Paula (Pesca e Aquicultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura).

Mas Ciro Nogueira não faz por menos. Ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, sua federação com o União Brasil tem quatro ministros no goverdo PT: André Fufuca (Esportes), Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração Nacional) e Frederico de Siqueira (Comunicações).

Ciro encabeçou a lista de convidados do jantar oferecido pelo PT, nesta segunda-feira (18), ao novo presidente do partido, Edinho Silva. Em tom de brincadeira, ele disse que estava ali para "prestigiar o amigo", já que no dia seguinte iria atacá-lo durante o evento de da federação União Progressista.

Afinal, quem é mais centrão, Gilberto Kassab ou Ciro Nogueira?