Por: Tales Faria

Valdemar Costa Neto é encurralado pelo STF e por bolsonaristas no PL

Valdemar da Costa Neto | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Não se tem visto ou ouvido muito por aí o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. A verdade é que ele está evitando a exposição pública para não polemizar com seus críticos bolsonaristas, nem provocar o Supremo Tribunal Federal (STF).

Valdemar está sentindo-se encurralado pelo STF e pelo radicalismo do bolsonarismo que dominou a legenda.

O temor em relação ao STF ocorre por causa da estratégia dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de promover ataques frontais à Justiça e às empresas brasileiras em aliança com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), conhecido como o filho Zero3 de Jair Bolsonaro, anunciou publicamente que está nos EUA para trabalhar pela intervenção daquele país sobre a Justiça e as tarifas de importação de produtos brasileiros. Seu pai declarou que mandou R$ 2 milhões para o filho se manter no país.

Como presidente de um partido político, Valdemar sabe que a Justiça proíbe este tipo de agremiação de ter uma prática de subordinação a entidade ou governo estrangeiro. Se isto ocorrer, a sigla poderá até sofrer o cancelamento do seu registro.

Seria a morte definitiva da galinha dos ovos de ouro de Valdemar.

O presidente do PL já sofreu um susto grande nessa direção quando o ministro Alexandre de Moraes, então como presidente do Tribunal Superior Eleitora (TSE), aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões sobre o partido.

Com o apoio unânime dos demais ministros da Corte, Moraes puniu a sigla por "litigância de má fé". Motivo: o PL ter apresentado petição para verificação extraordinária das urnas do segundo turno da eleição de 2022 sob argumento de que alguns modelos, supostamente, não seriam passíveis de identificação dos votos.

Além do emparedamento jurídico, Valdemar Costa Neto também sofre o cerco dos bolsonaristas dentro de seu próprio partido.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) declarou publicamente que classificava como "imbecil" a nota de apenas sete palavras publicada Valdemar Costa Neto sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro.

Na nota, o presidente nacional do PL se limitou a afirmar: "Estou inconformado!!!!! O que posso mais dizer?".

O pastor Silas Malafaia classificou como "uma covardia" a decisão de Valdemar de demitir do partido o advogado Fabio Wajngarten. Malafaia comanda o grupo neopentecostal a que pertence o atual líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

Sóstenes comandou a tomada à força da Mesa Diretora da Câmara por bolsonaristas . Por determinação direta de Bolsonaro, ele tem dado um tom mais radicalizado à atuação do partido no Congresso, diferentemente do líder anterior, Altineu Côrtes (RJ), mais ligado a Valdemar.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, tem ameaçado nos bastidores, sair ele próprio do partido, arrastando um grupo de seguidores insatisfeitos com Valdemar.

Na verdade, Eduardo não está gostando nem um pouco da aproximação entre Valdemar e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente do partido defende Michelle como a herdeira politica do ex-presidente o que atrai ainda mais a ira dos filhos de Bolsonaro.