Por: Tales Faria

Com Datafolha, PL pressiona Bolsonaro por Michelle candidata

Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Deputados e senadores do PL pressionam o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. Querem que ele convença o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) a escolher a mulher, Michelle Bolsonaro, como sua candidata à Presidência da República.

O movimento já vinha tomando força desde que Eduardo Bolsonaro, o filho Zero3 do ex-presidente, fugiu para os Estados Unidos a fim de articular punições de Donald Trump contra o Brasil. Cresceu com a divulgação da pesquisa Detafolha deste domingo, 3.

Na avaliação de lideranças do PL, Eduardo era o herdeiro mais forte do espólio político do pai. Mas, agora que bateu de frente com o Supremo Tribunal Federal (STF), ele ficou fora do páreo. Perdeu eleitores e acabará legalmente inelegível.

Com Eduardo fora do páreo, o nome preferido entre aliados de Bolsonaro é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Mas, para o PL, Tarcísio tem um problema: é de outro partido, o Republicanos. E não tem uma relação muito boa com Valdemar.

Michelle, além de ser do PL, teria, segundo lideranças do partido, maior penetração do que Tarcísio entre evangélicos e no eleitorado feminino.

Na pesquisa Datafolha, Michelle figura como a mais bem colocada da família na preferência do eleitorado. O Datafolha foi às ruas nos dias 29 e 30 de julho, tendo entrevistado 2.004 eleitores em 130 municípios.

No cenário de 1º Turno em que Michelle consta da pesquisa, ela está à frente de qualquer outro membro da família nos seus cenários. E supera até mesmo Tarcísio de Freitas, quando colocada no lugar do governador como candidata.

Na comparação do seu cenário com os dos demais membros da família, Michelle alcança 24% das intenções de voto contra 39% do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Eduardo Bolsonaro só chega a 20% e Flávio, a 18%.

Nem Tarcísio ganha de Michelle na comparação de cenários de 1º Turno, quando substitui a mulher de Bolsonaro. Ele alcança 21% das intenções de voto, contra 38% de Lula.

Mas Tarcísio se sai melhor do que Michelle no cenário de 2º Turno. Ele tem 41% das intenções de voto contra 45% do presidente, enquanto Michelle perderia de 40% a 48%. Os filhos Eduardo e Flávio, de Bolsonaro, ficariam ambos no patamar de 37% contra Lula num eventual 2º turno.

O apoio de mulheres e evangélicas bolsonaristas pela candidatura de Michelle não fica só no PL. Aparece até mesmo entre políticos do partido de Tarcísio, o Republicanos.

No último dia 18, durante entrevista coletiva de imprensa de líderes de oposição sobre a colocação de tornozeleira eletrônica em Bolsonaro, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) discursou:

"Nasceu uma grande líder. Bolsonaro vai se calar e quem vai nos conduzir neste momento é a maior líder da oposição, a maior líder da nação conservadora."

Damares convocou o exército das donas de casa bolsonaristas, especialmente as evangélicas, criticou a ida da Polícia Federal à casa do casal Bolsonaro e afirmou que Michelle reagiu "como uma leoa" à chegada dos policiais.

A senadora anunciou, como se estivesse num comício de lançamento de candidatura, que, a partir de agora, a mulher de Bolsonaro será "a maior líder que esta nação poderia esperar".

O problema de Michelleestá em sua própria família. Jair Bolsonaro nunca gostou da ideia de entregar seu espólio a uma mulher, mesmo sendo esposa. Os filhos 01,02 e 03 não morrem de amores por ela. Carlos chegou a romper. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acha que, com Eduardo fora do páreo, ele é a bola da vez, até por ter lidrança sobre o PL do Rio de Janeiro.