Por: Tales Faria

Geraldo Alckmin barra tentativa do MDB de pegar a vice em 2026

Alckmin barra tentativa de MDB de pegar a vice-presidência em 2026 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

"Só se o presidente Lula não me quiser", foi o que informou a lideranças nacionais do PT o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), sobre a hipótese de deixar de concorrer à reeleição em 2026.

Os caciques do PT que ouviram de Alckmin a resposta à sondagem levaram-na a Lula. O presidente da República bateu o martelo, pelo menos por enquanto: "Então, por mim, não troco de vice."

Para complementar a articulação pró-Alckmin, então é preciso uma manifestação pública do PT. É o que o partido está discutindo às vésperas do Encontro Nacional da sigla que ocorre neste final de semana em Brasília: se fecha ou não uma recomendação formal à permanência de Alckmin na chapa.

O PT fez a sondagem porque caciques do MDB defendem que, com um emedebista como vice, seria mais fácil derrotar a parcela do partido contrária a apoiar Lula.

O grupo que faz oposição a Lula é comandado pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Defende o apoio do MDB a uma candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Isso abriria espaço para o próprio Nunes concorrer a governador com apoio de Tarcísio. Um acerto do MDB de São Paulo com o Republicanos conta com a simpatia do presidente nacional do partido, o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP).

Para barrar este acerto em São Paulo, caciques do MDB do Norte e do Nordeste levaram a Lula a proposta de troca do vice. Ouviram do presidente que ele só a faria se Alckmin quisesse.

Foi aí que o presidente da República autorizou o PT a sondar o vice.

As conversas entre Lula e os caciques do MDB sobre 2026 ocorreram antes do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil.

Alckmin já estava prestigiado por Lula e contava com simpatia crescente dentro do PT.

Depois que comandou as bem-sucedidas articulações para mitigar os efeitos do tarifaço, Geraldo Alckmin ganhou ainda mais força.

Lula passou a ver seu vice atual com pontos semelhantes ao do vice-presidente da República durante seu primeiro mandato: o empresário José Alencar.

O que chamou a atenção de Lula para a semelhança entre os dois foi a atuação de Alckmin utilizando o empresariado brasileiro como ponte junto aos empresários norte-americanos para convencer o governo dos EUA a diminuir o tamanho do tarifaço.

Como José Alencar, Alckmin mostrou livre trânsito e que é muito bem-quisto pelo empresariado. Também como Alencar, Geraldo Alcmin mostrou-se um vice fiel, trabalhador e discreto quando precisa ser.

Uma parcela do PT, no entanto, ainda via com bons olhos a possibilidade de o vice concorrer a governador ou ao Senado, em São Paulo, trazendo mais votos para Lula no estado.

Mas, fortalecido pelas negociações do tarifaço, Geraldo Alckmin insistiu que não deseja disputar nenhum dos dois cargos. Nem o Senado, nem o governo estadual. Deixou claro que prefere manter-se na chapa com Lula.

Diante de seu fortalecimento, a opinião do vice serve como uma blindagem contra o avanço do MDB.

Na verdade, Lula e o comando petista avaliam que não precisam dar a vice ao MDB para atrair o apoio do partido no Norte e no Nordeste em 2026. Este apoio já está dado.

Além disso, a vaga de vice na chapa não faria com que o prefeito Ricardo Nunes e seu grupo deixassem de apoiar a eventual candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas.

Ou seja, a troca seria um jogo de soma zero com risco de deixar insatisfeito um aliado como Alckmin, que caiu nas graças de Lula e do PT.