O presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), publicou nesta quinta-feira (24), na rede social "X" (o antigo Twitter):
"Presidente Lula, o senhor já disse que acabaria até com guerra dialogando. Não é hora de vaidade. Por que não faz um apelo público ao presidente Trump e abre o diálogo para rever as tarifas? É seu dever proteger e lutar pelo Brasil e os brasileiros."
Dá para imaginar um encontro entre Lula e Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca?
Um risco seria a cena repetir o que ocorreu nos encontros de Trump com Volodimir Zelensky, o presidente da Ucrânia, ou dele com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Ambos os encontros foram considerados mais que uma grosseria do anfitrião: uma verdadeira armadilha.
Trump impôs constrangimento público aos dois com cobranças até descabidas. No caso de Ramaphosa, o presidente dos EUA levantou até acusações falsas de genocídio.
Pois é, Ciro disse à coluna que não pensa por aí. Segundo ele, seria "lógico" que Lula aceitasse um convite de Trump para o encontro.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), por sua vez, também não acha impossível se encontrarem, seja lá onde for. Wagner só coloca uma condição: que Trump aja de maneira civilizada. Disse à coluna:
"Depende. Se houver o convite civilizado, sempre conversamos. As guerras começam por falta de conversa e só terminam, ou com a destruição total, ou com uma boa conversa."
Já a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, afirma que Ciro está "tentando mudar o foco da crise", crise esta que os bolsonaristas teriam criado. Postou na rede "X":
"Prioridade do Brasil é enfrentar a supertaxação do Trump, resultado da traição bolsonarista ao país, e não o devaneio do senador Ciro Nogueira , que quer tentar mudar o foco da crise que criaram."
O encontro seria num clima ameno, como Jaques Wagner parece achar possível? Ou seria num clima mais quente, como sugere o ânimo da Gleisi Hoffmann?
Na verdade, é mais provável que o encontro nem ocorra. Lula disse num evento em Minas Gerais, também nesta quinta-feira, que Trump nem quer conversa com o Brasil.
O presidente brasileiro desconfia de que Trump, na verdade, esteja tentando jogar truco.
"Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis", brincou.
Para quem não conhece, o jogo de truco funciona assim: Na sua vez antes de jogar, cada jogador pode pedir truco. Se fizer isso, a dupla adversária deve decidir se vai aceitar, fugir ou pedir seis. Aí, a dupla que pediu o truco deve decidir se vai aceitar, fugir ou pedir dez, e assim por diante.
Ou seja, Lula está se dizendo disposto a partir para uma escalada contra Trump.
A cena, neste caso, entraria para a história: Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva jogando truco no Salão Oval da Casa Branca.
Aos gritos, como no jogo de verdade.
