A reconciliação entre o governo e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avançou com um jantar ocorrido nesta terça-feira.
O encontro, em tom cordial, juntou Motta e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se andavam se estranhando desde que a Câmara derrubou o decreto do governo que aumentou alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Motta colocou o projeto em votação na semana passada, rompendo acordo com o governo de só votar o texto mais tarde. Sgundo Haddad, depois o presidente da Câmara passou a não atender suas chamadas para discutir os motivos daquilo que foi interpretado pelo governo como uma traição, uma verdadeira declaração de guerra.
Participaram do jantar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), e Jorge Messias (AGU), assim como alguns líderes partidários.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), classificou a reunião como “um bom início de conversa”, que serviu para a retomada do diálogo. Mas que nada ficou acertado.
A mesma opinião foi expressa por Hugo Motta e por Gleisi Hoffman. A ministra, no entanto, fez questão de deixar claro que o governo não pensa em voltar atrás no decreto do IOF.
O governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes suspendeu todos os decretos, do Executivo e do Legislativo, que majoraram e diminuíram as alíquotas do imposto. Moraes convocou uma audiência de conciliação para o próximo dia 15.
A expectativa é de que, até lá, governo e Congresso consigam negociar uma fórmula para cobrir os R$ 20,5 bilhões de aumento de arrecadação que eram previstos com as novas alíquotas.
Na verdade, o governo ainda não sabe qual a disposição real de Hugo Motta. Ele está disposto a uma reconciliação efetiva, mesmo depois que o partido do presidente, o PT, reagiu à derrubada do IOF incentivando fortes críticas ao Congresso e, principalmente, ao comandante da Câmara?.
A internet foi invadida por declarações de que há uma verdadeira guerra dos ricos contra os pobres. Posts agressivos e em tom de galhofa diziam que Motta resolveu colocar a derrubada do IOF em votação depois de participar de jantares “com milionários”.
Viralizaram memes em que um parlamentar de nome “Hugo nem se importa” fazia pouco caso dos eleitores e esbanjava gastos em viagens, bebidas e jantares caros.
Hugo ficou extremamente irritado com os ataques, que repercutiram em sua base eleitoral na Paraíba. Mas fugiu da briga. Ele passou a tentar colocar panos quentes na confusão e chegou a dizer que aceitaria até mesmo cortes nas emendas parlamentares.
A dúvida que ficou no governo é se ele manterá o armistício ou voltará a atacar em nova oportunidade. Ou seja, se o "Hugo Nem se Importa" deu lugar ao “Hugo Já se Importa”.
Só o tempo dirá.
