Por: Sérgio Nery

JORNAL DE TURISMO | Turismo internacional injeta R$ 32,5 bi no Brasil

Compras têm destaque nos gastos dos estrangeiros | Foto: Jade Queiroz/MTur

De janeiro a setembro de 2025, turistas estrangeiros movimentaram R$ 32,5 bilhões no Brasil em hospedagem, alimentação, transporte, lazer e compras. Trata-se do maior valor da série histórica para o período e representa alta de 11,7% em comparação a 2024.

Apenas no mês de setembro, o montante alcançou R$ 3,2 bilhões, um crescimento de 12,4% na comparação anual. No mesmo intervalo, o país recebeu mais de 7 milhões de viajantes internacionais, número 45% superior ao registrado em 2024.

O desempenho de nove meses já supera o recorde anual de 2024 (6,7 milhões de visitantes) e ultrapassa a meta do Plano Nacional de Turismo 2024-2027 para 2025, que era de 6,9 milhões.

Os dados divulgados pelo Banco Central reforçam a tendência de aquecimento do turismo internacional no país e a ampliação da participação do setor na economia, com efeito direto em destinos líderes de demanda — como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Santa Catarina — e em rotas diversificadas que combinam praias, natureza e experiências culturais.

 

Turismo e o papel na economia

O recorde de R$ 32,5 bilhões movimentados por turistas estrangeiros no Brasil em nove meses confirma o peso do setor no Produto Interno Bruto nacional. Mais do que números e estatísticas, o turismo se reafirma como indutor da criação de empregos, de tributos e desenvolvimento regional. Ao superar ainda em setembro a meta anual prevista para 2025, o turismo mostra, mais uma vez, seu papel na economia e reforça que deve ser tratado como vetor estratégico de crescimento econômico e social, além da projeção internacional do Brasil.

Setor pede políticas à altura

Os dados mostram que o turismo move a economia, mesmo sem status de prioridade plena. O momento positivo não permite acomodação: pede políticas ampliadas — infraestrutura e conectividade, qualificação e inteligência de dados. MTur e Embratur fazem bom trabalho e, com mais poder de fogo, podem multiplicar resultados. Com governança e previsibilidade, o Brasil pode converter o bom momento em salto estrutural, elevando emprego, renda e arrecadação.

Força da imagem do Brasil

Com 94% de aprovação entre estrangeiros, pesquisa da Embratur mostra que o Brasil não vende apenas destinos, mas uma experiência reconhecida e recomendada. Esse capital simbólico é decisivo na disputa global por turistas e reforça a marca Brasil como acolhedora, competitiva e diversificada. O desafio é transformar a boa percepção em estratégia consistente de promoção, ampliando visibilidade e consolidando o país como referência em turismo sustentável e de qualidade.

Vitrine e teste de maturidade

A COP30 em Belém é chance rara de reposicionar o Brasil como destino sustentável: visibilidade global, narrativa poderosa da Amazônia e vitrine para bioeconomia, cultura e turismo de natureza. Mas há riscos à imagem: pressão sobre hospedagem, preços em alta e gargalos logísticos podem gerar frustração e manchetes negativas. O caminho é gestão antecipada: ampliar oferta (aluguel por temporada e leitos alternativos como cruzeiros), reforçar conectividade, transparência nos preços e operação integrada de mobilidade e serviços.

Reforço para a COP30 e turismo

A temporada de cruzeiros marítimos 2025/26 começou com sete navios, 670 mil leitos e 160 roteiros por 16 destinos. Cada passageiro do segmento injeta em média R$ 710 nas cidades de escala e R$ 920 nos portos de embarque. Além do impacto econômico, dois navios darão suporte à COP30 em Belém: até 6 mil leitos extras, atracados a cerca de 20 km do principal local do evento, para aliviar a pressão hoteleira em novembro. A medida amplia a oferta, facilita a presença das delegações e integra o turismo náutico à estratégia de grandes eventos.