Por: Sérgio Cabral*

Violência e Economia

Light tem perdas bilionárias por "gatos" | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A concessionária de energia Light acaba de anunciar dados estarrecedores sobre as perdas de energia com os “gatos” praticados em diversos pontos do Rio de Janeiro. São mais de 1,3 bilhão de reais de prejuízo por ano! De dezembro de 2024 a abril de 2025 mais de 1,3 mil transformadores superaqueceram como consequência de gatos feitos pelos “donos” dos territórios em diversos bairros e favelas do Rio.

Isso não é pouca coisa! E não é diferente na perda das operadoras e concessionárias de outros serviços públicos. Na perda da receita de milhares de famílias e de comerciantes, que são obrigados a pagar uma taxa, todo mês, pela sua existência naquela comunidade.

A menor perda financeira que essas famílias, comerciantes e concessionárias vivenciaram foi nos anos de 2008 a 2014, período do meu governo. O meu primeiro ano, 2007, foi inteiramente dedicado à recuperação da gestão do estado. Assumi em janeiro sem os funcionários públicos terem recebido o 13º salário e sem dinheiro em caixa para honrar o primeiro mês do ano.

Para pagamento da gigantesca dívida herdada junto aos credores do estado realizamos pregões reversos, isto é, estabelecíamos um valor disponível e quem oferecesse o maior desconto do que tinha a receber era pago. Diminuímos para menos da metade o número de secretarias. Mas a partir de 2008 refizemos o desenho orçamentário do estado, priorizando fortemente a segurança pública, a saúde, a educação e o transporte de alta capacidade ( metrô, trens e barcas), sem perder de vista o fortalecimento da gestão fazendária- não havia concurso para auditor da receita desde 1989.

A nossa atuação na política de segurança teve uma visão holística sobre os seus desafios. A começar pela valorização salarial dos nossos profissionais da área. Como exigir desempenho dos verdadeiros heróis anônimos sem o pagamento de um salário digno? Como exigir performance sem a realização de concursos públicos para a troca de experiências geracionais e oxigenação? Como exigir desempenho sem oferecer uma frota de veículos decentes para o seu uso? Como exigir dos nossos profissionais perspectivas, se na escolha dos seus chefes o que prevalecia era o dedo político externo à corporação? Como exigir coragem se suas armas eram aquém das usadas pelos criminosos? Como exigir melhoria dos índices se não havia uma política de reconhecimento pela redução da criminalidade? Como exigir estratégia, tática e uniformidade nas ações sem um centro integrado de comando e controle e sem uma cidade da polícia?

Segurança Pública é gestão. Isso que nos permitiu atrair tantas empresas e investimentos em todo o estado, que nos permitiu ser anfitriões de grandes eventos, que nos permitiu, enfim, dar ao estado do Rio de Janeiro destaque positivo perante o Brasil e o mundo, naquele período.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho