Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Feliz Natal...A guerra acabou...

Lula e Zelensky: expectativas de aproximação | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Dois momentos icônicos da música pop estão relacionados a uma guerra. No caso, a guerra do Vietnã. Em 1966, a dupla Simon & Garfunkel gravou 7'O Clock News/Silent Night, que reunia a clássica canção de Natal (que cantamos como Noite Feliz) a fatos narrados no noticiário das 7 horas, como um protesto contra a guerra que o então presidente Richard Nixon classificava como "antiamericano". Em 1971. John Lennon gravou Happy Xtmas/War is Over (Feliz Natal/A Guerra Acabou) na qual dizia que um tempo sem guerra e sem medo era possível, era só querer. A guerra do Vietnã terminou em abril de 1975. Se aproxima o Natal de 2025 e se tenta um acordo para terminar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

 

A paz tentada em Miami

Em Miami, nos Estados Unidos, um senhor de discurso bélico, Donald Trump, tenta mediar um acordo entre a Rússia e a Ucrânia para pôr fim à guerra que os dois países travam na Europa desde fevereiro de 2022. Uma guerra que Trump prometeu que acabaria "em 24 horas". Já faz quase um ano. Há dados que apontam que a Rússia já teria sofrido 950 mil baixas na guerra, com 250 mil mortes. E a Ucrânia 400 mil baixas, com 100 mil mortes.

Encarregado da Ucrânia torce por paz

Guerra já matou milhares de pessoas dos dois lados | Foto: Zelensky-UAA/Fotos Públicas

No caso da Ucrânia, há ainda toda a necessidade de reconstrução de diversas cidades e territórios, já que é dentro do país que a guerra acontece. Às vésperas do Natal, o encarregado de Negócios da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Oleg Vlasenko, recebeu o Correio Político para uma conversa. Apesar dos avanços lentos da negociação de paz que acontece em Miami, Vlassenko mostra-se otimistas. "Não temos outra opção além de sermos receptivos ao acordo", disse. "A Ucrânia quer a paz o mais rápido possível".

Otan e territórios

Segundo ele, o acordo não sairia por 5% dos seus pontos. "Mas são os 5% mais difíceis". Esses pontos são o compromisso de que a Ucrânia não ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a reivindicação da Rússia de anexar alguns territórios ucranianos. São pontos que não dependeriam, explica Vlassenko, somente da vontade do presidente Volodymir Zelensky.

Referendos

No caso da Otan, a não entrada na organização dependeria de uma decisão nesse sentido do parlamento ucraniano. E a anexação de territórios pela Rússia precisaria ser aprovada em referendos pela própria população das áreas a serem anexadas. "Não creio que tais populações manifestem interesse".

Brasil

Após a possível paz, há alguns pontos para os quais Oleg Vlassenko tem esperanças na ajuda brasileira. Eles dizem respeito à reconstrução do país. Em 2023, a guerra produziu na Ucrânia uma tragédia ambiental semelhante à de Brumadinho. Os russos destruíram a Barragem de Kakhovka.

Ajuda

"Creio que a liderança que o Brasil tem internacionalmente na área ambiental poderá nos ajudar nesse sentido", considera Vlassenko. No início do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a propor mediar um acordo de paz, que não avançou. "Mas qualquer esforço é sempre bem-vindo".

130 anos

Em 2021, completaram-se 130 anos da imigração ucraniana para o Brasil. As maiores colônias ficam no Paraná. Alguns efeitos desse aniversário prosseguem. Na semana passada, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara projeto relatado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que reconhece o Holomodor como genocídio.

Holomodor

Entre 1932 e 1933, a Ucrânia fazia parte da União Soviética, então comandada por Josef Stálin. Nesse período, entre 3,3 milhões e 7,7 milhões de camponeses ucranianos teriam morrido de fome por conta das supostas ações de Stálin. O triste episódio ficou conhecido como "Holomodor" (Matar pela Fome).

16 países

Atualmente, 16 países já reconhecem o Holomodor como genocídio. "Esta proposta é particularmente significativa para os cerca de 600 mil ucranianos residentes no Brasil", considerou Bilynskyj, em entrevista à Agência Câmara de Notícias. Que a paz nos encontre em 2026. Sem guerra e sem fome...