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Alcolumbre cancela sabatina de Messias ao STF

Irritação de Alcolumbre com Lula permanece grande | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), anunciou nesta terça-feira (2) o cancelamento do cronograma que havia anunciado para a sabatina de Jorge Messias, indicado pelo presidente Lula (PT) ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O cancelamento dá mais tempo para Messias fazer campanha e obter apoio de senadores, o que é bom para o governo. Por outro lado, Alcolumbre usou palavras fortes para se referir à ausência de comunicação formal da indicação pelo Planalto. Sem esse passo burocrático, o Senado não pode decidir se aceita ou não o indicado.

"Sem precedentes"

"Esta omissão de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo é grave e sem precedentes. É uma interferência no cronograma da sabatina, prerrogativa do Poder Legislativo", afirmou Alcolumbre. Ele tem demonstrado a aliados que está irritado com a situação.

De acordo com o cronograma anunciado anteriormente pelo presidente do Senado, a sabatina de Messias ocorreria no próximo dia 10 de dezembro. Na quarta-feira (3), seria lido um relatório legislativo recomendando a aprovação ou rejeição de Messias.

Os governistas buscavam ganhar tempo com o atraso no envio da mensagem ao Senado. Alcolumbre já havia protestado contra essa possibilidade em nota divulgada no fim de semana. "Para evitar a possível alegação de vício regimental no trâmite da indicação, diante da possibilidade de se realizar a sabatina sem o recebimento formal da mensagem, esta presidência e a CCJ do Senado determinam o cancelamento do calendário apresentado", declarou Alcolumbre, referindo-se à Comissão de Constitutição e Justiça (CCJ), onde é feita a sabatina.

Pino na granada

O relator da indicação de Messias, Weverton Rocha (PDT-MA), deu entrevista logo depois do anúncio do presidente do Senado. "O pino foi colocado de volta na granada", disse ele, no sentido de que o adiamento da sabatina reduz o atrito político entre governo e Senado.

Weverton mencionou que agora haverá tempo para articular o apoio a Messias e reaproximar o Senado e o governo. O indicado de Lula sofre resistência porque Alcolumbre e outros senadores queriam que o escolhido do presidente da República fosse Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também senador.

Caio Spechoto, Catia Seabra e Mariana Brasil (Folhapress)