Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | In Fux, Lula doesn't trust

Fux foi escolhido para o STF por Dilma Rousseff | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

"In Fux we trust". A frase, uma paródia daquela que consta nas notas de dólar ("In God we trust", ou "Em Deus confiamos") aparece nos vazamentos das conversas entre o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) com procuradores da Lava Jato. É frequentemente repetida diante das atuais mudanças de posicionamento de Fux no julgamento da chamada trama golpista. E tem sido usada entre interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entender suas últimas escolhas para o Supremo Tribunal Federal (STF) e porque só não indicará o advogado-geral da União, Jorge Messias, se concluir não haver mesmo condição política. Quem indicou Fux foi Dilma Rousseff. Mas está entre os "erros" de escolha, na concepção de Lula.

 

Progressistas

Os "erros" seriam escolhas feitas pelos governos do PT de ministros tido como progressistas e que, com a independência conquistada na Suprema Corte após a escolha, acabam não agindo ali da forma como esses governos e o PT esperavam. Seria o caso de Fux agora.

Revisão

Ao votar agora pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais réus no julgamento, Fux faz uma revisão de posicionamento antes mais punitivista que tinha. Tanto que ele mesmo já tinha condenado centenas de outros réus menores envolvidos.

Barbosa, Toffoli, os arrependimentos de Lula

Lula tem mágoas de Dias Toffoli | Foto: José Cruz/Agência Brasil

Mas Lula se arrepende especialmente de alguns nomes que ele mesmo nomeou. Logo no início de seu primeiro governo, em 2003, ele pediu à sua assessoria que pesquisasse perfis de juristas negros. Queria nomear um afrodescendente à Suprema Corte. A escolha recaiu sobre Joaquim Barbosa. Que, depois, como relator da ação penal do Mensalão, acabou condenando à prisão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros próceres do PT e do governo. Por conta disso, em 2009, quando foi indicar outro nome, Lula resolveu indicar ninguém menos que seu ex-advogado-geral da União, consultor jurídico do PT na Câmara, Dias Toffoli.

Vavá

Hoje, Lula, segundo pessoas próximas, não fala mais com Toffoli. Quando morreu em 2019 um dos irmãos de Lula, Genival, conhecido como Vavá, Toffoli presidia o STF. E autorizou que Lula deixasse a prisão para acompanhar o enterro quando faltavam somente dez minutos.

"Crueldade"

Na época, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse ter sido isso um "ato de pura crueldade". A autorização saíra, reclamou na época o PT, sem tempo hábil de fato para que Lula saísse de Curitiba e fosse a São Bernardo do Campo (SP) se despedir de seu irmão.

Messias

São essas situações, dizem pessoas próximas do presidente, que fazem com que ele agora, escaldado pelos episódios anteriores, esteja disposto a colocar na Corte pessoas que de forma alguma mais tarde venham a surpreendê-lo em suas decisões e comportamentos.

Pacheco

Foi assim com Cristiano Zanin e Flávio Dino. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), preferido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não é assim alguém que Lula conheça tão profundamente. O nome só será ele se não houver condição para Messias.