Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | 'Já está todo mundo cuidando de si mesmo'

Para Pauderney, Centrão irá esperar "a poeira baixar" | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O experiente deputado Pauderney Avelino (União-AM) ouviu recentemente essa frase vinda de um líder do Congresso: "A essa altura, já está todo mundo cuidando de si". Pauderney, que exerceu seu primeiro mandato na Câmara em 1991, usa a frase para avaliar a atual briga do governo com o Centrão, que culminou na demissão de apadrinhados do segundo escalão. Para Pauderney, a decisão é um freio de arrumação. Cujas consequências será necessário "esperar a poeira baixar" para medir, de fato. A futura relação do governo com o Centrão, o tamanho dela, que partidos se afastam ou se aproximam, vai depender, como o Correio Político já disse, da evolução do jogo em cada estado e município. "Esse jogo não é em Brasília", conclui.

 

PSD

Pauderney, por exemplo, duvida que um eventual esgarçamento evolua para tirar o PSD da base do governo. A especialidade do partido presidido por Gilberto Kassab é manter um pé em cada canoa. Já com a Federação Progressista, pode ser mais complicado.

Federação

Mas, mesmo na Federação, avalia Pauderney, haverá defecções. Por mais que determinem o contrário os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, sempre haverá, se calcula, cerca de pelo menos 30 parlamentares que seguirão com o governo.

Cálculo passa pela situação em cada estado

Ciro Nogueira apoiou chapa do PT em 2018 | Foto: Reprodução/Redes sociais

Na verdade, mesmo com relação a Ciro Nogueira, alguns já avaliam que seu cálculo passa pela situação regional. Ciro hoje forçaria um movimento nacional do PP para a oposição porque em seu estado, o Piauí, não há para ele chance de reeleição pela via da oposição. Na verdade, Ciro apoiou no Piauí a chapa que em 2018 reelegeu o hoje ministro da Assistência Social, Wellington Dias, governador. Depois, se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro até virar ministro da Casa Civil. Não há possibilidade de retorno. Por isso, Ciro trabalha para a construção de uma candidatura de oposição a Lula. Por isso, trabalha para ser o candidato a vice.

Alagoas

Há outros cálculos regionais parecidos acontecendo. Em Alagoas, a própria ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, trabalhou a costura de um acerto para tirar do páreo para o Senado o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC.

Tia

O acerto passou por Lula escolher para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a tia de JHC, Marluce Caldas. Em troca, JHC sairia da disputa do Senado para que a vaga ficasse com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). JHC sairia também do PL.

Não saiu

Até agora, porém, JHC não saiu do PL. O que se avalia é que ele, usando o termo de Pauderney, esteja também esperando "a poeira baixar". Ou seja: entender melhor o que acabará acontecendo em Alagoas. Até porque passa por um acordo de inimigos.

Lira

No caso, as vagas para o Senado que seriam apoiadas para o governo em Alagoas seriam Renan Calheiros (MDB), que tentará a reeleição, e Arthur Lira. Os dois são inimigos. Difícil imaginá-los unidos no mesmo palanque. O tempo dirá, quando a poeira baixar...