Publicamente, até podem haver manifestações, discursos, propostas e visitas. Mas é verdade é que a cada mais se desmilingue o apoio político no Congresso aos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP). A essa altura, nem mais deputados licenciados, porque a licença de ambos expirou. E o apoio se dissolve muito mais principalmente pela ação de ambos. Fora, talvez os grupos bolsonaristas radicais (e, no caso de Zambelli, talvez nem isso), o que se comenta no Congresso é que Eduardo e Zambelli muito pouco fazem para ajudar a sua situação. No caso de Eduardo, ainda poderia comover um eventual pedido direto de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso de Zambelli, não haverá isso.

Bolsonaro não fala com Zambelli desde aquele episódio tresloucado às vésperas da eleição, quando ela saiu às ruas armada perseguindo um militante do PT. Ele atribui esse fato como uma das principais causas que teriam motivado a sua derrota na eleição de 2022.

Ainda irrita Bolsonaro o fato de Zambelli o ter envolvido diretamente nos seus rolos, quando levou o hacker Walter Delgatti ao Palácio da Alvorada. Enfim, até foram visitar Zambelli na Itália. Mas daí à possibilidade de reversão da sua situação, vai uma distância.

No caso específico de Eduardo, o que começa a atrapalhá-lo fortemente é a forma como ele vem forçando e pressionando o comando do PL em torno dos seus interesses. Primeiro, já foi-se tornando difícil defender sua linha de estimular que os Estados Unidos façam sanções comerciais contra o Brasil. Porque isso prejudica os interesses nacionais. E, na prática, em nada alterou o curso dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao contrário, talvez tenha até atrapalhado. E, então, Eduardo, ao contrário de buscar apoio, resolve brigar com o PL. Resiste à construção de alternativas. E ainda ameaça sair do partido para se candidatar à Presidência.

Que apoio Eduardo pode esperar do PL se ele mesmo ameaça deixar o partido? E ainda diz que consegue levar 30 deputados com ele? O comando do PL paga para ver. E, mesmo que ele consiga, esse eventual apoio fica longe de reverter seus problemas.

Assim, o que ainda parece segurar Eduardo e Zambelli é o apoio corporativo do Congresso. A sensação de que não se deve ceder rapidamente à Justiça porque isso poderia vir a significar o mesmo também quando o caso envolver os demais parlamentares.

Mas mesmo isso se tornou um problema depois da traulidada dada pelo Senado ao derrubar a PEC da Blindagem. A reação da sociedade deixando claro que rejeita a ideia de permitir ao Congresso que se julgue, se condene ou se absolva foi um recado evidente.

Aparentemente, o máximo que pode acontecer com ambos é não precipitar seus casos. Deixando que as perdas dos mandatos aconteçam pelo excesso de faltas não justificadas. Foi assim com Chiquinho Brazão. Provavelmente será assim de novo.