Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Tributária é legado a ser explorado politicamente

Sapato ou sandália? Dilemas da confusão tributária | Foto: Divulgação

Pode ser que demore um pouco para que o cidadão sinta de fato os efeitos da reforma tributária. Afinal, o período de transição do atual para o novo sistema de cobrança de impostos sobre o consumo vai até 2033. E durante um tempo é possível que o período no qual os dois sistemas conviverão com o fim paulatino do atual e entrada do segundo gere confusão e mesmo cobrança tributária maior. De qualquer modo, o governo se prepara para explorar politicamente o que tende a ser um grande legado deixado. A discussão sobre a necessidade de uma reforma tributária tem mais de 30 anos. E nunca conseguiu ser feita. Ainda que tenha começado a ser traçada antes, é agora, no governo Lula, que a reforma tributária é entregue.

 

Manicômio

Croc's é sapato ou sandália? Sonho de Valsa é chocolate ou biscoito recheado? Podem parecer discussões bizantinas, mas elas acontecem de fato entre tributaristas. Porque dúvidas sobre como taxar são parte do atual manicômio tributário.

Simples

O novo modelo tornará mais simples o emaranhado da cobrança de impostos. E, no final, isso acabará gerando economia para as empresas e ganho para a população. O desafio do governo será transformar um tema complicado em discurso de campanha.

Imposto tem que baixar, não o contrário

Campanha usa a vilã Odete Roitman | Foto: Reprodução Instagram

Com a aprovação no Senado e o retorno do segundo projeto de regulamentação para a Câmara, falta agora muito pouco para a reforma tributária virar um fato. Durante todo o processo de discussão, a oposição buscou bombardear o projeto por conta da alíquota geral que ficou alta. É o carimbo que se tenta a todo tempo imprimir no governo Lula e na condução econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad: um governo que só pensa em mais impostos. Nesse sentido, o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), listou 37 iniciativas do governo Lula para aumentar impostos, entre medidas propostas e aprovadas.

Narrativas

Hauly inclui na lista o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda. É por aí que entra o embate de narrativas. O cerne do projeto é isentar quem ganha até R$ 5 mil. Mas passa a cobrar 10% de imposto sobre as classes mais altas. Justiça tributária ou mais impostos?

Odete

Nessa linha, corre nas redes sociais um post que compara dois personagens da novela Vale Tudo: a vilã Odete Roitmann, vivida por Débora Bloch, e o seu motorista, Jarbas, interpretado por Leandro Firmino. É justo cobrar de Odete para isentar Jarbas de imposto?

Taxa

Nessa linha, parlamentares governistas, como Guilherme Boulos (Psol-SP), passaram a chamar o imposto dos mais ricos, de "taxa Odete": na linha de que seria uma contribuição justa para quem ganha muito e vive com luxo para livrar do imposto quem ganha menos.

Discussão

Em tese, algo difícil de não defender. Mas ainda era o grande ponto de discussão na quarta-feira (1) antes da votação. Até porque há profissionais como médicos e engenheiros que pressionavam pelo risco de serem mais tributados. Por aí seguirá o debate tributário.