A rede de cafeterias Luckin' Coffe já tem quase 30 mil lojas espalhadas por diversos países do mundo. No país, de 1,5 bilhão de habitantes, a Luckin' Coffe supera em número de lojas a gigante Starbucks, dos Estados Unidos. A Luckin' Coffe cresce usando uma estratégia diferente: só é possível comprar café e outros alimentos a partir de um aplicativo no qual o usuário se cadastra. Esse modelo gera fidelização e permite, assim, vendas com preços mais baixos. É o modelo chinês de economia. Recentemente, o ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, esteve na China acompanhado do presidente da Apex-Brasil, Jorge Vianna. E ajudou a fechar um mega negócio. A empresa está comprando café verde de Rondônia.

Antes do tarifaço, a negociação com a Luckin' Coffe já era importante, porque alavancou a produção em um estado que até então não era identificado como um dos grandes produtores de café brasileiro. Agora, além do novo mercado, é a porta da alternativa aos EUA.

Um estudo que está sendo elaborado pela Apex mapeia alternativas para os 108 setores da economia brasileira que juntos exportavam US$ 18,3 bilhões para os EUA e que tinham nessas exportações uma dependência de mais de 10% no total das suas vendas.

Esse mapeamento aponta 72 outros países que, com exportações incrementadas, poderão suprir o que hoje o Brasil exporta para os Estados Unidos e que ficou fora da lista de 700 exceções. Na verdade, Jorge Vianna opera dois braços na Apex. Um trabalha para ampliar as exceções ao tarifaço. Nesse sentido, a Apex está ampliando seu escritório de Miami para ter também em Washington. O outro caminho é essa busca de saídas. Em linhas gerais, a China, que já o maior parceiro comercial do Brasil, é a alternativa número um. O Brasil tem hoje 36% do que a China importa de café verde. Nos EUA, esse percentual é de 16,7%, ou US$ 1,8 bilhão.

No caso do café verde, há chances de ampliação com a Alemanha (45% da sua importação vem do Brasil), Itália (36%) e também Japão e Espanha. No caso do café torrado, a participação dos EUA na compara brasileira é bem menor, mas há também alternativas.

No caso do café torrado, a presença do Brasil nos EUA representava US$ 5,3 milhões. Mas alternativas também estão sendo mapeadas, como Polônia, Noruega, Japão e México, mercados que já estão aumentando. O México é também alternativa importante para a carne.

No final deste mês de agosto, Alckmin e Jorge Vianna deverão viajar ao México. A aposta é que o país vire importante alternativa de venda caso o Brasil não consiga reverter as tarifas em 50% impostas por Trump para o setor de produção de carne.

Finalmente, há as frutas, especialmente a manga. No caso, o caminho são os Países Baixos. Na verdade, a Europa. Porque o que ocorre é que a fruta entra pelo Porto de Roterdã e se distribui pelos países europeus. O Brasil tem 45,8% da compra de manga via Roterdã.