Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Lula volta a cogitar não disputar 2026

Plano B de Lula seria eleição de Alckmin | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltam a vir informações de que ele voltou a cogitar não disputar as eleições de 2026. Essas cogitações tinham ficado fortes na virada do ano depois da queda que ele sofreu no Palácio da Alvorada e os problemas que teve depois. Lula começou a considerar a hipótese de não disputar pelas questões envolvendo sua idade e a sua saúde. Depois que ficou tudo bem, voltou a se animar. Agora, as cogitações não são mais relacionadas a esses pontos, mas à performance de fato do seu terceiro mandato. Não agrada nem um pouco a ele a hipótese de terminar sua carreira com uma derrota. É isso que faz com que considere um plano B: estabelecer este mandato como o fechamento de um ciclo.

 

FHC

E aqui ele se mira no que aconteceu com ele mesmo em 2002. E com o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Quando FHC passou a faixa para Lula, ali fechava o ciclo da reconstrução democrática: o país agora podia ser presidido por um operário.

Fim do ciclo

Na hipótese que, segundo se conta, Lula começa agora a maturar, caso ele consiga construir a sua sucessão e entregá-la a quem escolher, isso encerraria agora esse ciclo de polarização que teve primeiro com o PSDB e depois com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na linha do que Lula pensa, alternativa não viria do PT

Quando deu posse a Lula, FHC fechou um ciclo | Foto: Instituto FHC/Divulgação

Nesse raciocínio, a alternativa à reeleição de Lula não viria do PT. Primeiro, por uma razão óbvia: o próprio Lula nunca permitiu o surgimento de uma alternativa dentro do próprio partido. Mas, especialmente porque isso não eliminaria a ideia de superação dessa polarização. Nesse sentido, caso Lula resolva mesmo não disputar em 2026, o nome mais provável é o seu vice-presidente Geraldo Alckmin. Se, com o seu apoio, Alckmin vier a vencer uma disputa que também não terá Bolsonaro, inelegível e talvez mesmo condenado e preso, Lula terá construído a vitória de alguém que nada tem a ver com o ciclo anterior de polarização.

Reeleição

Nas mudanças que estão sendo discutidas no Congresso, a reeleição deverá acabar após a próxima eleição. Bolsonaro ficaria como o único presidente que não foi reeleito enquanto houve esse instituto. Lula não quer encerrar sua carreira fazendo companhia a Bolsonaro.

Popularidade

Por que tais ideias retornaram à cabeça de Lula? Porque ele começa a ver sua popularidade estagnada num viés de baixa. Como mostrou a pesquisa do Datafolha desta semana: dentro da margem de erro, a popularidade não caiu. Mas ela também não sobe.

Congresso

Outro ponto parece ser o impasse na relação com o Congresso. A polarização não ajuda a construir um diálogo. O preço de apoiar o governo fica cada vez mais alto. No horizonte, não parece haver muita perspectiva de que os partidos do Centrão apoiarão a sua reeleição.

Tarcísio

Tudo isso dependerá também do outro lado. Se a direita, sem Bolsonaro, convergir para o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), poderá o eleitor enxergar que é ele o fim da polarização. E o eleitor vem dando mostras que quer virar a página.