Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | A agressão a Marina e a questão ambiental

Marina viu-se isolada nas agressões que sofreu | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Sob qualquer ponto de vista, o que fizeram os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM) com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi uma injustificável grosseria. Mas, para além do ataque indesculpável, há em torno do que houve na Comissão de Infraestrutura do Senado um grande problema, especialmente às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. O governo está longe, longíssimo, de conseguir se entender sobre a questão ambiental. E é muito possível que a linha de defesa que hoje Marina faz seja minoritária. E essa é uma das razões pelas quais Marina viu-se quase que completamente isolada (há outras, e o Correio Político falará mais amanhã sobre isso).

 

Randolfe

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), por exemplo, tem divergências públicas com Marina. Por conta da exploração de petróleo na Margem Equatorial, na foz do Amazonas, ele inclusive deixou a Rede, o partido de Marina Silva, em 2023.

Base

O começo da discussão na qual Marina acabou desrespeitada foi com um senador da base do governo, Omar Aziz (PSD-AM). No começo da discussão de Marina com Omar Aziz, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), estava presente, mas saiu da sala.

Randolfe admite: governo não tem unidade no tema

Randolfe tem "divergência pública" com Marina | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Ao Correio Político, Randolfe Rodrigues admitiu: "O próprio governo não tem unidade na discussão sobre o meio ambiente". Randolfe, por exemplo, considera que os senadores da Amazônia que contestaram Marina "têm suas razões" na discussão sobre o asfaltamento da BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). E o ministro dos Transportes, Renan Filho, é também favorável. Como é também favorável à construção da Ferrogrão, a ferrovia que liga Sinop (MT) ao porto de Mirituba (PA), que corta terras indígenas e que Marina combate. Toda essa discussão desaguou na aprovação recente do projeto de licenciamento ambiental.

Estrada

Na avaliação de Omar Aziz, "se o governo tivesse liberado a BR-319, por exemplo, talvez não tivesse perdido no licenciamento ambiental". Ele disse ao Correio Político: "A intransigência de não conversar represa tudo. Aí, um dia a represa estoura. Foi o que aconteceu".

Bezerro

"A gente queria um bezerro, ganhou uma boiada", disse Aziz. O projeto ainda tem que passar pela Câmara, mas a aposta do senador é que os deputados também o aprovarão. É algo bem complicado quando o Brasil está perto de sediar a maior reunião ambiental do planeta.

COP30

A COP30 será em Belém, ou seja, no coração da Amazônia, que é o cerne de todo esse debate. Para o mundo, a floresta amazônica preservada é a garantia de sobrevivência ambiental. Mas parte de quem ali hoje vive pressiona por outras demandas de desenvolvimento.

Amazônia

Não por acaso, todo o lamentável debate no Senado envolveu pessoas da Amazônia. A começar pela acreana Marina Silva, passando pelos amazonenses Omar Aziz e Plínio Valério e por Marcos Valério, que é de Rondônia. Sem contar Randolfe, do Amapá.