Quando se candidatou pela primeira vez, o deputado Tiririca (PL-SP) apresentou-se ao público com sua peruquinha cômica e o seguinte slogan: "Vote em Tiririca. Pior do que tá não fica". Ficou. E muito ficou por causa sua eleição. Ao aderir à piadinha sem graça, Tiririca e seus eleitores contribuíam para o rebaixamento da política brasileira. Depois dele, deputados já ocuparam a tribuna usando peruca loura para fazer discurso transfóbico. Ou levaram bonecas em confusa fala que misturava bebês reborn, religião e preconceito. Daqui a pouco mais de um ano, haverá novamente eleições. Eleger novos Tiriricas e assimilados é opção tanto do eleitor quanto do candidato. Nesse sentido, se propõe contribuir o Instituto Renova BR.

Há quem afirme que o Renova BR tem certo viés puxado para o liberalismo. O instituto nega. Afirma ser apartidário. Seja ou não seja, ele propõe algo que acaba de alguma forma sendo importante nesses tempos de políticos vazios: tenta agregar valor aos seus discursos.

Ao Correio Político, a diretora de Educação do Renova BR, Marjorie Linn, afirma que o valor inegociável do instituto é o compromisso com a democracia. Num tempo em que isso não parece ser algo que importe para parte de quem está na política, é alguma coisa.

O Renova BR surgiu exatamente em 2018, quando boa parte dos eleitores foi em busca de uma renovação na política. Se hoje o Supremo Tribunal Federal (STF) julga se houve uma tentativa de golpe no país, é uma evidência de que, talvez, em muitos casos essa busca tenha produzido resultados equivocados. Marjorie, porém, aponta alguns exemplos de políticos que desde então passaram pelo Renova BR que parecem fazer alguma diferença. São os casos da deputada Tábata Amaral (PSB-SP), do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e do deputado Daniel Soranz (PSD-RJ). "Ajudamos a formar políticos de diversos partidos e correntes ideológicas".

Tanto políticos novos como antigos. A ideia é abrir vagas também para o aprimoramento de gente que hoje já tem mandato. "O propósito é aprimorar a política na democracia", afirma a diretora de Educação do Renova BR. Para este ano, abertas 150 vagas.

As demais, até chegar a 300, serão abertas no ano que vem, quando haverá eleição para presidente, governadores, senadores e deputados. Segundo Marjorie, a formação mistura o ensino de técnicas de marketing político, comunicação digital com questões mais de fundo.

"Como funciona o sistema político brasileiro, o papel de cada poder, das demais instituições", exemplifica Marjorie. Segundo ela, é uma preparação para que políticos que têm algo a dizer consigam competir de fato com os que nada têm a dizer, mas têm influência digital.

Mais e mais esses influenciadores sentem que esse caminho político é possível. Mas nada adianta ter somente seguidores sem projeto. "Comunicação digital é importante, mas é preciso também ter pensamento crítico", defende Marjorie. Eis a batalha: eleger quem tem a dizer.