Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | O PDT e o sacode do caminhão

Heringer: "Que não defenestrem Lupi" | Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

"Não dá para ficar com alguém que no primeiro sacode te joga para fora do caminhão". A frase, do líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), resume o sentimento do partido diante da crise do INSS, que fustiga o ministro da Previdência, Carlos Lupi. "Se Lupi vier a ser defenestrado, eu serei o primeiro a defender que não haverá mais qualquer sentido para que o PDT permaneça no governo", afirmou Heringer ao Correio Político. Segundo o líder, antes mesmo do caso do INSS, o PDT já estava "cem por cento irritado" com o governo, cobrando maior reciprocidade no apoio dado pelo partido. "Agora, tudo isso já nos causou uma grande lesão, que Lupi só pode reverter no governo. Sair estigmatizado sem ter tido culpa é coisa que pode".

 

Hargreaves

Heringer elogia a famosa "solução Hargreaves", que o ex-presidente Itamar Franco usou quando Henrique Hargreaves foi acusado na CPI do Orçamento. Ele era ministro da Casa Civil, e Itamar afastou-o enquanto aconteciam as investigações. Inocentado, voltou.

Dois pesos

"A solução é ótima. Mas não pode haver dois pesos e duas medidas", reage Mário Heringer. "Se fosse para fazer como fez Itamar Franco, isso precisaria ser feito antes com outros que também sofreram denúncias. Não pode haver dois pesos e duas medidas".

CPI pode ser jogada de risco para oposição

Para PDT, Lupi tem que ter chance de se defender | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

No PDT, segundo Heringer, avalia-se que a CPI do INSS pedida pela oposição pode acabar virando um tiro pela culatra. Apurações da Controladoria Geral da União (CGU) já apontavam desvios de recusos da previdência desde 2018, ainda no governo Michel Temer. Que seguiram no governo Jair Bolsonaro. Segundo a CGU, de 2019 a 2024, foram descontados mais de R$ 6 bilhões em benefícios previdenciários pelos sindicatos, nem todos os descontos irregulares. "Como se diz, CPI a gente sabe como começa, mas não sabe como termina", alerta Mário Heringer. "Antes, teria de dar explicações o ex-ministro Paulo Guedes", provoca.

Secretaria

No governo Bolsonaro, a Previdência era uma secretaria ligada ao Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes. O secretário era o hoje senador Rogério Marinho (PL-RN). Depois, houve mudança e Onyx Lorenzoni passou a ser ministro do Trabalho e Previdência.

Inocência

"A mesma presunção de inocência que dou agora a Lupi eu dou a esses ministros anteriores", diz Mário Heringer. "Se um 'zangão' engana um velhinho num sindicato no Rio Grande do Sul, será que o ministro da Previdência tem mesmo de saber?", questiona o líder do PDT.

Defesa

Para o líder do PDT, cabe agora a Carlos Lupi defender-se. "Eu estou certo de que ele não tem envolvimento. Mas quem o acusa é que precisa provar esse envolvimento", afirma. "Há várias versões sobre esse episódio, de acordo com a conveniência de cada um".

Lupi

Em 2011, Lupi era ministro do Trabalho, e acabou saindo pressionado por denúncias de uso de verbas públicas. "No final, nada ficou provado", afirma agora Heringer. "Ele já foi esculachado em 2011. Vão esculachá-lo de novo agora? Ele não vai deixar isso correr frouxo".